Ele chegou no fim da rua e olhou
para o céu, nenhum terminava ali, ambos continuavam. O horizonte é infinito e,
por enquanto, não há nada mais longo. Ele pensava, então, se seu fim não era
uma vírgula, uma pausa para respiração... Teve medo de ser apenas o suspense
das reticências, algo vago e assustador por si só. Tocou-se como quem procura
dinheiro perdido e constatou estar mesmo ali. Teria morrido, ou melhor,
sobrevivido?
Pensando bem ele sempre foi bem
morto. Arrastava-se pelas sombras, mancava calado, era uma poesia desgastada
com rima forçada e olhar para fora... Ora, quando olhou para dentro se acendeu.
Via prova que para sair é preciso primeiro entrar. Mas, bem naquela hora
acontecia uma clandestina desova. Alguém dera em um cavalo uma sova e o jogava
bem nele. Ele temia a morte e agora a via.
Havia uma glória retórica
introdutória e ele apagou... Como uma fraca chama na tempestade de vento. Não acompanhou
a visão e nem lembrou, se assustou quando acordou e ainda naquele primeiro
parágrafo persistia no tema dilema: sobrevivência ou morte? Testou sua
respiração. Ele não sabia se precisava nascer ou de ressuscitação. Prendeu-se a
um verso secreto entoado em sua Alma.
Com calma levantou. Ele não havia
morrido porque para morrer basta estar vivo e ele tinha certeza de não ter
vivido ainda. Como queria a ida para a eternidade, precisou ficar à vontade,
pois na leviandade praticada não era nem zumbi quanto menos nada. Precisava pegar
palavras e tentar significar seu sangue. Este precisava derramar sem intenção
de salvar ou condenar. Foi para a esquina anunciar em cartaz com sua escrita em
sangue: Está morta a morte, morra e viverá.
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