Eles estavam divididos, mas o calor fritando ovo na cabeça não permitia pensar. Era como se os pensamentos fossem água e evaporassem antes mesmo de se formarem. Aquele mormaço na mente só podia duplicar a visão, bambear as pernas e deixar as pessoas parecidas com dançarinas de frevo profissionais... Faziam círculos parecidos com harmoniosos, mas estavam passando mal casualmente. A única diferença era que casual era um disfarce para consequências.
Sô tentava fazer chover na mente e desejava isso, desejava ardentemente, quase em chamas, só precisava focar, enxergar algo. Não era a mesma vontade do corpo e sabemos: não há maior razão que o corpo quando este tem todo o controle. Todos os membros desse gritavam por hidratação, sombra fresca, banho gelado, sorvete trincando, limonada suíça, milk-shake... Hummmm.
Loreal
não tinha forças para se juntar. Tentava decidir qual Sô era real, mas não
queria irritar a mulher e como homem... Bem não tinha definição, se houvesse
algo ideal não precisaria dizer frases como como
homem... Ele não saberia nem em quantas partes estava dividido se ela
perguntasse. No entanto, não só quer como precisa tomar uma atitude, porém seu
desejo maior era algo extremamente refrescante para jogar na pele derretendo ou
para dentro da boca fervente.
Eventualmente
a sorte cria a própria inexistência e, “por ventura”, o isolamento. Em um
esforço que os faria - desmaiar mais tarde - começaram a fazer chover e,
consequentemente, pensavam no peso-morto da sorte ou azar. Leia bem, já não era
possível dizer quem era quem, mas acredito ter sido Sô quem se pronunciou desta
forma: - Diga que foi sorte cada bem adquirido por quem lutou uma a uma pelas
próprias conquistas, se afogou nos próprios suores, abdicou de praticamente
toda diversão, passou noites em claro, tudo que teve de deixar de lado, pense
apenas por um instante Lore, pense...!
-
Pense você, Sô - replicou Lore – naquele morador das ruas. Diga a ele que foi o
azar o responsável pela situação dele, que foi o Cosmos ou Deus quem quis assim,
o desejo de Alá, Buda, Maomé, Jesus, culpa da sorte dos outros, que foi o
próprio descaso, a própria falta de vontade, que ele sofre abusos sexuais, é
espancado, passa forme, frio, é humilhado, sempre é molhada pela chuva ou pelo
suor produzido pelo calor excessivo... diga que ele merece este sofrimento,
pense Sô...!
Depois
o clima mudou. Eles se olharam e pensaram a mesma frase e só sei que falaram
juntos: - atire a primeira pedra quem nunca jogou sorte ou azar.
O
tempo fechou torrencialmente atirando granizo em todos as pessoas e lugares.
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