por
Rafael Belo
Sentada
dentro de Si, Simani acomoda-se. Respira fundo e pensa: e agora? Não há brilho, não há intensidade, há uma promiscuidade criada
por mim mesma. Logo eu... Sempre me achei tão intensa, tão incomodada... Nem
sequer incomodo. Sinto-me um móvel não tão imóvel, pois me colocaram
rodinhas... Não sei... Foi um susto perceber meu desconhecimento, minha
ignorância... Eu ignorante e sempre me achando sabida, muito esperta... Fui
nessa onda. Vou a tantas festas pensando estar ali, presente e entregue... Até
descobrir não ter foco nenhum, aliás, só enxergar o fundo e me cegar ao diante
do meu nariz.
Nem sei qual é o meu fiz. Nem me
lembro de tudo. Preciso colar fragmentos postados em diferentes aplicativos com
motivação social. Vai rápido como vem... Não há um sentimento relacionado a
nada disso. São imagens me fazendo forçar a memória, juntar histórias e ser
obrigada a sentir tudo isso. Intenso é este sequestro. Só vi os contrastes na
altura deste drama. Vive restos, fui mais machista, mal fui mulher... Não sei
ser feminista, ativista... Vistos meus rótulos mesmo sabendo: eles não mudam quem
sou! Mas me questiono enquanto penso nas baboseiras dos prisioneiros amarrados
estarem cientes o suficiente de si para conseguirem se soltar...
Eu só continuo me machucando
enquanto o tempo vai acabando. Meus pulsos estão sangrando, meu rosto
latejando... Fora a dor! Quem vai cuidar dos meus filhos, Meu Deus!! Eles vão me
matar. Preciso encontrar uma só vivência intensa. Isto... Isto... Isto não pode
ser o mais intenso vivido por mim... Não sou assim!! Engulo o choro! Chega de
chorar!! Não adianta pensar meus “ses”, porém, se eu não tivesse ficado bêbada não
teria encontrado a coragem para me encontrar. Aí vem Renato Russo me cantar “olha
só o que eu achei: cavalos marinhos”. Talvez um unicórnio inexistente se sinta
assim e eu seja este unicórnio. Serei extinta ou já o sou?
Quanto horror! Esta expectativa
vai me matar antes. Prefiro não pensar no motivo das dores no meu corpo em
tantos lugares... Preciso vomitar! Ei! Olha pra mim!! Tira esta mordaça da
minha boca!! Não vou gritar! Não posso morrer afogada no meu próprio vômito
como uma pessoa abandonada para viver
morrer na rua. Por favor, Senhor! Sei, nunca mais rezei nem nada, me arrependo.
Eu juro... Estou arrependida!! Não consigo nem lembrar um grão responsável por
eu vir parar aqui, quem dirá do motivo... Mas espera!! Eles nem falaram de
resgate!! Não conversaram comigo... Eu estou vendo o rosto de um!! Não não
nãonãonãonãonão!!! É o... E os outros só podem ser... Hey!!! Afastem-se!!
Nãããooo!
Um comentário:
"Tira essa mordaça de mim" estamos todos amordaçados!
Postar um comentário