Por
Rafael Belo
Do
outro lado do pensamento Delira via os efeitos apontados pela atenção da borboleta
amarela. Ela batia as asas e toda vez os efeitos mudavam mesmo com a causa
sendo igual. Os danos faziam parte dos ganhos e as perdas também vinham com
benefícios. Nada é como já foi, assim pensava Delira. Há tantos efeitos por aí. Eu só enxergo defeitos. Faço a única escolha
coerente na minha mente e a repito diariamente até ela estar tão gasta, mas tão
gasta... Parecendo não haver nada mais e com minha opção respeitada, não, não
há mais nenhuma. Se não mudamos e crescemos juntos algo fica para trás, alguém
para no tempo... Mas! Esta borboleta eu já matei!
Matei! Com certeza não é a mesma!
Sinto ser, mas nego. Não pode ser. Não há lógica. Há sempre conseqüências, não
é? Onde estou? Ah, ai está a borboleta amarela... Ela está me encarando? Mexe as
asas como se manipulasse todas as opções e escolhas...! Ela nunca apareceu em Efeito
Borboleta, sabe? O filme! Toda mudança tem conseqüência. O universo não deixa
nada impune. É isso! Não? Há varias formas para se chegar ao mesmo resultado ou
há vários resultados para a mesma forma? Há livre-arbítrio ou o resultado é
sempre o igual? O destino está sempre nos esperando, então... A sina faz parte?
Este lado negativo do destino...
Está tudo apagado há escuridão e
branco. Não tenho idade para pensar em fugir do Alemão atingindo tantos idosos
hoje ou só penso não ter? Esqueço normalmente como todo mundo... Não! Não pode
ser assim. Recuso-me a acreditar ser sempre uma coisa ou outra. Devo estar no
passado, mas não quero me lembrar para não viver de recordações. Escolho o
agora. Você me ouve borboleta amarela? Com este nada de brisa você cria
tempestade em lugares em mim tão extintos quanto a Pangeia. Eu sou plateia
insatisfeita e ingrata só de arremessos e vaias de mim para mim...
Eu não tenho fim? Pode me tirar
de mim, borboleta amarela? Voe! Vamos, pare de me encarar. Leve-me para algum
lugar. Já me sinto leve... Vamos? Nossa! Você parece os fantasmas dos natais
passado, presente e futuro... Por que me faz intruso das minhas escolhas? Há
tantas opções e tantos eus possíveis. Somos todos passíveis de quaisquer
coisas, mas não sem optarmos por isso. Fale comigo, borboleta amarela? São mundos
paralelos? Multiuniversos? Somos reais ou representações das nossas escolhas? Quem
me representa quando não estou em mim? Seu amarelo, borboleta amarela, não tem
nada de alegre é só um alerta de quanta loucura podemos escolher ser se não
sairmos do lugar.
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