sexta-feira, março 17, 2017

Alerta borboleta amarela (miniconto)





Por Rafael Belo

Do outro lado do pensamento Delira via os efeitos apontados pela atenção da borboleta amarela. Ela batia as asas e toda vez os efeitos mudavam mesmo com a causa sendo igual. Os danos faziam parte dos ganhos e as perdas também vinham com benefícios. Nada é como já foi, assim pensava Delira. Há tantos efeitos por aí. Eu só enxergo defeitos. Faço a única escolha coerente na minha mente e a repito diariamente até ela estar tão gasta, mas tão gasta... Parecendo não haver nada mais e com minha opção respeitada, não, não há mais nenhuma. Se não mudamos e crescemos juntos algo fica para trás, alguém para no tempo... Mas! Esta borboleta eu já matei!

Matei! Com certeza não é a mesma! Sinto ser, mas nego. Não pode ser. Não há lógica. Há sempre conseqüências, não é? Onde estou? Ah, ai está a borboleta amarela... Ela está me encarando? Mexe as asas como se manipulasse todas as opções e escolhas...! Ela nunca apareceu em Efeito Borboleta, sabe? O filme! Toda mudança tem conseqüência. O universo não deixa nada impune. É isso! Não? Há varias formas para se chegar ao mesmo resultado ou há vários resultados para a mesma forma? Há livre-arbítrio ou o resultado é sempre o igual? O destino está sempre nos esperando, então... A sina faz parte? Este lado negativo do destino...

Está tudo apagado há escuridão e branco. Não tenho idade para pensar em fugir do Alemão atingindo tantos idosos hoje ou só penso não ter? Esqueço normalmente como todo mundo... Não! Não pode ser assim. Recuso-me a acreditar ser sempre uma coisa ou outra. Devo estar no passado, mas não quero me lembrar para não viver de recordações. Escolho o agora. Você me ouve borboleta amarela? Com este nada de brisa você cria tempestade em lugares em mim tão extintos quanto a Pangeia. Eu sou plateia insatisfeita e ingrata só de arremessos e vaias de mim para mim...

Eu não tenho fim? Pode me tirar de mim, borboleta amarela? Voe! Vamos, pare de me encarar. Leve-me para algum lugar. Já me sinto leve... Vamos? Nossa! Você parece os fantasmas dos natais passado, presente e futuro... Por que me faz intruso das minhas escolhas? Há tantas opções e tantos eus possíveis. Somos todos passíveis de quaisquer coisas, mas não sem optarmos por isso. Fale comigo, borboleta amarela? São mundos paralelos? Multiuniversos? Somos reais ou representações das nossas escolhas? Quem me representa quando não estou em mim? Seu amarelo, borboleta amarela, não tem nada de alegre é só um alerta de quanta loucura podemos escolher ser se não sairmos do lugar.

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