por Rafael
Belo
As horas
passam e as temperaturas despencam, afinal estamos no inverno e é sempre
incerto o quão frio fará. O corpo funciona melhor porque a qualidade de sono é
maior e qualquer coisa a gente esquenta. Com os dias mais curtos, as temperaturas
menores, as noites mais longas, os temperamentos moderados... A preocupação mesmo nem é o vento gelado é o
clima seco por aqui – onde a má-fama é exatamente as pessoas serem secas e
frias. A frieza também mata, não só o descaso com os moradores de rua sem
abrigo e roupas suficientes para esquentar. Basta ver os caminhantes vivendo em
seu próprio mundo e deixando de hibernar seus desvios sociais, perder “folhas”
para desperdiçar e dispersar.
Talvez por
vir antes da primavera e depois do outono esta seja a estação adequada para
maturar. Pensar melhor e amadurecer. As noites são mais longas para descansar e
pensar. Ver as folhas caindo, ou já no chão, não nos leva a refletir? Caem as
folhas para as árvores manterem o pouco de água ainda existente nelas, hibernam
plantas e animais para conservar energia e a gente faz as máscaras permanecem
sem permitir o ciclo natural do envelhecimento e adubo do nosso solo. O inverno
é a incubadora do recomeçar, do renascimento e precisamos deixar as sementes
plantadas já serem vistas florestas e campos imensuráveis de buquês.
Mas, ao
invés disso há um grande campo de nós vestidos de passado, ultrapassados em
comportamentos de antepassados apenas mantendo o já possuído contaminando no toque
gelado com medos e este olhar superficial de única forma, ao invés da visão em
todos os ângulos, todos os jeitos, todos os seres... Somos sujeitos seguidores
de conceitos formando multidões de leigos e caos. Os dias passam cada vez mais
rápidos e os vemos mais lentos, as noites mais longas e as vemos mais curtas...
Nossos invernos estão mais longos para quem sabe a gente possa aprender, aliás,
estão à prazo para não esquecermos o motivo do inverno.
Neste período
a luz do sol é distribuída desigual: é o solstício. Significa sol parado (do latim sol + sistere= solstitius), ou melhor: ponto onde a trajetória do sol
parece não se deslocar. Aparentemente a gente não se move, mas aduba com nossa
caminhada até onde chegamos para termos flores para oferecer, aromas para
compartilhar, uma trajetória para ser lembrada e a evolução necessária para
deixarmos de caminharmos frios e secos para a divisão, distanciamento e o
isolamento. Não podemos caminhar em vão até o próximo longo inverno. Deixe as
folhas caírem e a hibernação fazer o seu papel ou o passado morto continua a
ser seco e frio em cada um de nós.
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