segunda-feira, julho 17, 2017

aparentemente parados



por Rafael Belo

As horas passam e as temperaturas despencam, afinal estamos no inverno e é sempre incerto o quão frio fará. O corpo funciona melhor porque a qualidade de sono é maior e qualquer coisa a gente esquenta. Com os dias mais curtos, as temperaturas menores, as noites mais longas, os temperamentos moderados...  A preocupação mesmo nem é o vento gelado é o clima seco por aqui – onde a má-fama é exatamente as pessoas serem secas e frias. A frieza também mata, não só o descaso com os moradores de rua sem abrigo e roupas suficientes para esquentar. Basta ver os caminhantes vivendo em seu próprio mundo e deixando de hibernar seus desvios sociais, perder “folhas” para desperdiçar e dispersar.

Talvez por vir antes da primavera e depois do outono esta seja a estação adequada para maturar. Pensar melhor e amadurecer. As noites são mais longas para descansar e pensar. Ver as folhas caindo, ou já no chão, não nos leva a refletir? Caem as folhas para as árvores manterem o pouco de água ainda existente nelas, hibernam plantas e animais para conservar energia e a gente faz as máscaras permanecem sem permitir o ciclo natural do envelhecimento e adubo do nosso solo. O inverno é a incubadora do recomeçar, do renascimento e precisamos deixar as sementes plantadas já serem vistas florestas e campos imensuráveis de buquês.

Mas, ao invés disso há um grande campo de nós vestidos de passado, ultrapassados em comportamentos de antepassados apenas mantendo o já possuído contaminando no toque gelado com medos e este olhar superficial de única forma, ao invés da visão em todos os ângulos, todos os jeitos, todos os seres... Somos sujeitos seguidores de conceitos formando multidões de leigos e caos. Os dias passam cada vez mais rápidos e os vemos mais lentos, as noites mais longas e as vemos mais curtas... Nossos invernos estão mais longos para quem sabe a gente possa aprender, aliás, estão à prazo para não esquecermos o motivo do inverno.


Neste período a luz do sol é distribuída desigual: é o solstício. Significa sol parado (do latim sol + sistere= solstitius), ou melhor: ponto onde a trajetória do sol parece não se deslocar. Aparentemente a gente não se move, mas aduba com nossa caminhada até onde chegamos para termos flores para oferecer, aromas para compartilhar, uma trajetória para ser lembrada e a evolução necessária para deixarmos de caminharmos frios e secos para a divisão, distanciamento e o isolamento. Não podemos caminhar em vão até o próximo longo inverno. Deixe as folhas caírem e a hibernação fazer o seu papel ou o passado morto continua a ser seco e frio em cada um de nós.

Nenhum comentário: