por Rafael
Belo
Eu olho pelas janelas e não vejo prédios,
casas, limitações... Não! Eu vejo possibilidades e imensidão. Não consigo ser
periférico, ficar olhando enviesado, obliquamente, pelos cantos... Encaro. Olho
nos olhos da vida. Vou ao centro. Estou no meio. Minha liberdade não me permite
rodeios, ficar cercando enquanto os acontecimentos são centrais. Quero participar.
Fazer parte. Modificar, evoluir, continuar... Abrir os braços e abraçar os riscos,
abrir as gaiolas onde os cantos não alcançam seus limites e dão palpites
ocasionais capazes de amarrar cordas invisíveis cerceando a si mesmo sem nem
saber por quê.
Quem não sabe ter a liberdade acaba com as
nuances da solidão cultivando uma variedade tão vasta de solidões para uma
fazer companhia à outra e se alimentando deste plantio doente. No meio destas
solidões contamina outros e espalha o sentimento de pertencimento do outro para
quem já aprisiona sua liberdade. Neste ciclo de desconhecimento pensa ser
possível perder o imperdível. Não há
como perder a liberdade. Ela é a essência de quem somos. O máximo permitido é
uma hibernação neste inverno devastador criado por nós incapaz de semear
sentimentos, pois há o medo da colheita. Mal sabemos ser a liberdade um estado
de graça, uma força do espírito habitando a mente e o coração.
Se a liberdade é parte fundamental de quem
somos realmente não a perdemos e, portanto, não nos perdemos. Acontece de nos
afastarmos de quem somos. Tentar silenciar aquela voz clamando por mais quando
só damos menos e até absolutamente nada, é tarefa inglória responsável por
noites mal dormidas e pesadelos sem fim. Consequentemente quem vive nesta
autoprivação acaba por desrespeitar o espaço do outro porque desconhece esta
forma de viver. Em um mundo machista qualquer indício de liberdade é
propositalmente confundido com libertinagem e distorcido para os demônios pessoais
de cada um faça o trabalho sujo de nos arrastar de novo para nossos porões de
tortura.
Torturamos assim o outro e a nós mesmos. Fazemos
nossas ditaduras manipulando as situações para nosso benefício quase sempre em
detrimento de um ser humano cheio de desejos, anseios e... Sobra ficar
assombrando as pessoas e o nosso próprio espelho...! Não! Nada disso! Ouça seus
gritos de socorro! Preste atenção ao chamamento! A liberdade é tão imensa
chegando a ser capaz de libertar o outro. Liberdade é respeitar. Não é diminuir.
Ela não recua nem diminui o passo. Ela vai diante do vento para sentir seu
sopro e fechar os olhos para enxergar melhor ao invés de reclamar da
temperatura. Ela dá as mãos para nós e amplia ainda mais esta desapropriação de
tudo. Venha ser livre! Escute o ranger das portas se abrindo!
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