por Rafael
Belo
Há muitas
formas de um autêntico romance acontecer. A principal delas, deliberadamente, é
a química. Aqueles olhos faiscando, o coração palpitando freneticamente, a boca
salivando, o tempo quase parando, as mãos suando e uma revoada de borboletas no
estômago. Ficamos agitados na presença deste outro alguém sem saber bem a fala
exata, a frase certa, tentando não errar de forma alguma e talvez deixando de
lado quem somos para chamar a atenção, mas o principal é saber se somos
correspondidos. Ah, não podemos esquecer o clássico sorriso bobo colado na boca
como um smile involuntário revelando:
Yes! Temos um crush.
Somos mais
idiotas de não nos entregarmos a esta faísca para incendiar de vez a começarmos
a rolar no chão e abafar aquela chama com um pedaço de pano qualquer. Como
vivemos de passados, comparações e adivinhações já sabotamos um possível romance
para evitarmos uma possível decepção. Nossa concepção está errada se não
arriscamos, se não riscamos o fósforo para realmente pegar fogo. Não tem nada a
ver com sermos piromaníacos ou cleptomaníacos de corações porque não roubamos
maniacamente o coração de ninguém nem ateamos fogo para ver tudo incendiar...
Fazemos isso com nós mesmos e só nós somos responsáveis pelo poder dado ao
outro. Matamos o sentimento ainda nas veias antes de chegar ao coração.
Ah, sim!
Somos assassinos das possibilidades. Esquecemos ser tudo emprestado nesta vida.
Tornamos-nos sabotadores de romances. Vivemos de propriedades e apropriações,
mas não temos nada. Então, qual o motivo de não deixarmos nascer este
sentimento? Às vezes tentamos, o sentimento não nasce e precisamos deixar isto
claro, mas isso também pode ser confuso ao se dizer, mas é preciso falar. Mesmo
se o medo criado no nosso passado relativiza a igualdade de ações para todas as
pessoas. Temos traumas concretos, mas não podemos permitir eles nos afundarem
na areia movediça da solidão, da negação, da depressão, da autossabotagem, nestas
nossas desculpas para não nos relacionarmos de verdade.
Vamos parar
de nos sabotar e deixar rolar. Certo. É fácil falar, difícil fazer... Mas quais
são as opções? Se der certo por um dia precisamos fazer valer à pena por este
dia. Encher-nos de combustível inflamável e deixar alastrar a chama da paixão.
Esta paixão pode ser consumida rapidamente, mas se alimentada vira algo mais.
Este sentimento vira um romance e só permanece assim se diariamente acendermos
este fogo e aumentá-lo sem dar chance para dúvidas e incertezas. A gente pode
errar e erra, mas a vida é sempre um risco o qual precisamos viver. Correr até
precisar de novo fôlego e ser sincero consigo mesmo. Sejamos romances diariamente e vamos praticar
a respiração boca a boca até reacender o incêndio que somos nós.
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