Por Rafael Belo
Ela levantou e procurou um espelho. Onde estão minhas roupas? Estou em casa e
sozinha. Mas, eu estava no chão... Espera! Levaram minha cama? Cadê minhas
coisas? Está tudo branco. Quem pintou meu quarto? Quem pintou minha casa? Não
está cheirando tinta... Cadê meu celular? Alguém sabe as horas? Estou
enlouquecendo em poucos minutos. Há quanto tempo estou aqui? Você precisa
pensar Priaria Vahara. Pense, pense, pense... Nada. Não sei de nada, não me
lembro de nada... A não ser meu nome e este ser meu apartamento mobiliado, mas
sem mobília. Tenho certeza ter ocupado cada espaço deste lugar, não tenho?
Serei
só eu prisioneira deste vazio? Estou presa em uma lembrança inexistente. Deve
haver pistas pela casa. Ah, sim. Aqui!!!. “Você fez isso a si mesma. É você
mesma quem escreve isso. O problema é ter dado certo... Mas não como
imaginávamos...” Acabou? Onde está a explicação. Tem mais alguma coisa escrita
aqui. “Preste muita atenção. Cometemos um erro. Queimamos tudo. Destruímos
tudo. Tentamos apagar nossas memórias. Tomamos um inibidor. Ele veta o acesso às partes do nosso cérebro, mas é experimental. Causou delírios e achamos ser
Alice querendo atravessar o espelho. Acreditamos ser exatamente isso o
ocorrido. Estamos através do espelho.”
Está
tudo trancado. Não pode ser verdade isso. Estou passando muito tempo sozinha.
Li ficção e terror além da capacidade humana, ultrapassei as barreiras da
noção, perdi os limites... Por favor, não! Oh, Deus!! Isso não é verdade.
Parece ser um lugar sólido aqui. Não há reflexos em parte alguma. De onde vem
esta iluminação? Estão batendo na porta. Qual porta? Até agora nada fazia
barulho como se estivesse tudo preenchido lá fora sem sombra nem luz... As
batidas continuam e já chequei cada porta! Sou apavorada assim mesmo. Isto é um
reconstrução? Quem autorizou isso? Bem... Eu né?! Segundo o bilhete. Mas não há
outros como eu? De onde vem estas batidas... Espera. Estão mais fortes!! Não
pode ser! Este armário embutido não estava aqui, estava?
Mudaram
as batidas. Parece uma conversa. Devo responder? E agora? Vamos lá! Eu não
tenho muita alternativa, não é mesmo? Sinto ter de bater algo combinando com
isso... Ok! Ok! Ok! Está certo! Parece ter passado horas e os nós dos meus
dedos doem... Barulho de trava... Podia abrir rápido, não em câmera lenta,
mas... Não vai para dentro ou fora. Está sumindo. Desfragmentando aos poucos.
Devo temer? Eu sei temer? O o o olá? Será uma pessoa? “Venha. Você conseguiu.
Talvez você saiba seu nome e quem é neste momento mesmo tendo tudo bloqueado
dentro de ti. Você errou os mesmos erros até agora. Agora você precisa decidir
quem quer ser.” Não sei dizer nada ele não mexeu os lábios? Mexeu? É meu sonho!
Isto é um sonho? “Não! É o mais real da tua vida até agora. Dê-me a mão e venha.
Sim você apenas pensou, no entanto ainda não sabe o poder do pensamento”.
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