por Rafael Belo
Não é premonição. É atenção aos fatos, aos arredores. De fato
olhei a previsão do tempo e não há precisão. Tudo sempre é impreciso. Mas sabia
do esfriar repentino. Bem, começa o tempo ficando chumbo, avermelhado, aí a
água despenca do céu sem parar enquanto vai esfriando até esfriar de vez. Nada
repentino... Foi feito. Assim aconteceu e está acontecendo assim. Mas qual o
motivo de durar só dois dias? Como prolongar a previsão? Não sei a resposta nem
minha insistência em desviar do assunto, mas é algo me modificando sem me
pertencer.
Tenho a sensação de já estar à espera deste frio há tempos. Irei
eu namorar, finalmente? Não, eu não estou procurando só porque estamos a três
dias do dia dos namorados... Sinceramente estou bem comigo mesma, só tenho
alguns aprendizados básicos, por exemplo: como ficar calada ao invés de falas
desnecessárias, ou é possível ser menos sincera? Ou ainda, como ignorar quando
se metem na tua vida? Métodos práticos, língua preta e fala ácida... Ou
voltando no tempo: como desimportar? Não sei se está frio assim ou eu estou
fria neste ponto. Talvez o mundo e eu tenhamos agora a mesma temperatura. Estamos
intensos...
Depois daquele frio intenso eu precisava me abrigar. Estava tudo vazio e o assobio do vento me
assustava. Eu, Dalivine Coragem, pois era assim a forma dos meus antepassados
desejaram nosso enfrentamento perante tudo na vida: com Coragem. Vesti o clichê
da cara e da coragem e bati naquela cabana parecendo tão aconchegante. Eu sentia
o calor irradiar lá de dentro. Fui batendo cada vez mais forte porque agora já
não lembrava mais como havia chegado ali. Como? Só pensei e caminhei e... Está
aí minha resposta. Agora já batia e gritava: - Tem alguém aí? Por favor, abra!!
Ao virar de costas, pois já muito assustada tudo em mim gritava
perigo, corra, senti alguém se aproximar. Parecia uma multidão marchando. Sei!
Era impossível. Não poderiam ter... Viva alma... Por aqui e... Viva? Alma? Pam! Tum!... Foi uma música dentro da
minha cabeça responsável pelo meu despertar. Não havia ninguém por perto. Verdadeiro
deserto da deserta highway engenhosamente composta por Humberto Gessinger. Não havia
nenhum som. Não tinha com quem dizer sim nem não. Então, acordei do sonho
acordado. Eu estava imaginando um mundo sem filtro com as pessoas como estão...
Não, eu não sobrei sinceramente sozinha, eu só fiquei na ótica de uma
sinceridade sem limites porque o silêncio sabe ser sincero também. Nem tudo
precisa ser dito.
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