por Rafael
Belo
Há tantas
expectativas nos olhos procurando serem olhados por aí, vivendo uma necessidade
de querer serem queridos tão intensamente a chegar a doer. Cultivam uma
solidão, uma sombra pesada totalmente oposta a vontade acumulada, criam uma dependência
do outro e um desespero exala do olhar. Há um vazio despedaçado já na
superficialidade da vista fabricado pelo descontrole imposto na vida pessoal
pela forma da criação de cada pessoa nunca direcionada a saber quem é, a
conviver consigo mesma e só capacitada a conquistar espaços, relacionamentos, profissões,
concursos e o mundo.
Não há culpa
ainda mais diante das desculpas da voracidade estética do padrão social. Mas,
quem está só e é constantemente devorado se perde nesta antropofagia onde há só
o bestial canibalismo usando o corpo e se alimentando da alma do outro acabando
por encontrar uma culpa inexistente. Então, se vai esvair em uma busca incessante
de um corpo e, talvez, uma mente para preencher este vazio só possível de
encher consigo mesmo. Ao invés de primeiramente a própria presença e um
transbordar de si, um ideal do outro, uma miríade de expectativas, uma resposta
a cobrança eterna dos amigos, família, da sociedade de ter outro alguém.
É Dia dos
Namorados e disfarçadamente as brincadeiras sérias surgem de toda parte nos dias
antecipados da data. “Estáveis” em seus relacionamentos reafirmam suas “posses”
e “instáveis” no modo solteiro confirmam a “delícia” de não ser um casal. Da boca para fora cada um defende seu corner e
lançam a visão ao redor para não se entregarem neste mundo de pressa e
instantaneidade. É aqui onde habita a efemeridade
das relações às vezes se perpetuando nos namoros seguros pelo medo da solidão
sem o outro e vive-se uma solidão ecoando a solidão da parceira/o. Do lado de
cá há badalação de toda parte, flertes, ficadas, rolês com a única intenção de diversão
e a mesma solidão. Não somos multidões sós, somos solidões em multidões.
E nas aceitações
pregadas e desaceitações viralizadas fica óbvio a necessidade em algum momento
de estar com alguém. O ser humano não foi feito para ficar só. Somos tantas
ideias e sentimentos necessários - não de aceitação - mas de expor aqueles para
de fato existirem... Precisamos nos compartilhar, mas a partir do momento no
qual sabemos quem estamos compartilhando, pois até a tal da beleza gera
inseguranças de ambas as partes da mesma maneira onde a quantidade de
qualidades provoca desconfiança. Aprenda a conquistar a si mesmo diariamente, não
julgar e se divertir ao sair sem precisar procurar ninguém porque tudo fica
mais leve e suas vontades podem chegar até você.
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