por Rafael
Belo
Acordei coberta
de sangue e nenhuma ferida, então, obviamente, o sangue não era meu. A primeira
coisa a vir na mente foi: de novo! Seguida
de: o que eu fiz desta vez! Não sentia
dor nem satisfação só vazio, igual das outras vezes, mas não me pergunte
quantas, por favor! Nem venha com este seu machismo velado achando que mulher
não é capaz de certas coisas. Somos sim! Eu sou capaz de tudo. Sempre gostei de
aliviar minhas frustrações lutando. Desde menininha. Minha mãe me criou sozinha
e não queria... Eu não deveria ter nada abusivo na minha vida. Nem você. Ninguém...!
Têm muitos
fazendo hora extra a merecer muita desgraça na vida, mas não sou eu a desejar.
Deus me livre! Quero paz! O problema é... Bem metade de mim quer paz e a outra
guerra. Nem sempre o cotidiano ajuda a alimentar meu eu certo, sabe? Eu sei! Você
sabe exatamente como é. Controlar-se o
tempo todo, fazer cara de paisagem, ignorar os assédios... Mas, eu tenho a
tecla F...-.. latente. Bem no meio da minha testa só precisa saber em qual modo
estou. É ótimo estar em modo de combate, mas não fica longe estar em modo “não
vejo nada nem ninguém, nada me afeta”.
Vou ser
direta. Não se aproxime. Há algo em mim e ao meu redor cobrindo meus rastros. Porque,
aqui entre nós, eu deveria ter sido executada. Além disso, você deveria saber
de alguma forma sobre isso. Estive no oriente e quando dei por mim estava
exatamente assim... Nos Estados Unidos, a mesma coisa... Na Europa... Havia um
corpo em meus braços... Não quero falar disso. No entanto, na África... Deve
ter sido um momento de total loucura. Eu só poderia estar alucinando. O deserto
estava vermelho viscoso úmido e isso não é possível. Ainda mais gotejando de
mim todo aquele deserto de sangue... Não sei se sou uma pessoa ou algo, algo,
algo... Diferente!
Quero tanto
a vitória da minha paz, mas é tão bom este poder fazer o meu querer com
qualquer um e em qualquer lugar. Talvez este seja meu papel, meu lugar... Devo
ser exatamente aquela ênfase: causa perdida. Eu sou A Causa Perdida! Ah, mas
não queira me encontrar! Eu sinto sua necessidade de liberar a raiva, de
descontar todas as coisas erradas em algo, em alguém, eu sou a Punidora! Não
tente revidar... Aliás, tente vou gostar de um pouco de resistência. Só não vou
me lembrar de você. Talvez amanhã você inexiste e seu sangue esteja na minha
pele porque uma hora eu vou chegar em você.
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