Há
dias ela estava dependurada da melhor forma possível na copa desta árvore. Estava
sendo perseguida e difamada há tanto tempo que passara acreditar ser verdade,
ser ela a culpada até dos crimes... Rose só não entendia o porquê. Não tinha
mais forças para lutar... Não comia e tentava não beber, mas quando chovia não resistia:
bebia a água ácida da chuva.
Desentendida
também era da inveja e do odor da morte espalhado gratuitamente por tanta
gente. Bem nem se fosse cobrado,
pensou, viver para destruir o outro, para
ocupar o lugar deste e se apropriar do que dele era... A qualquer momento um
raio vai cair nesta árvore e eu, com todas as boas intenções do mundo, vou
preencher mais uma vaga no inferno.
Rose
não sabia da possibilidade de existência de um verdadeiro mar de lama e
descobriu tarde demais. Aquele tipo de lama era a fama da morte. Enlamear vidas,
embarrar caminhos, matar toda espécie de vida de um lugar.... Somos um lugar sagrado que profanamos
insistentemente até amargar o cotidiano, os sonhos, os planos, disse para
alguns pássaros que a circulavam e ao notarem serem percebidos revoaram.
Ela
ignorava a corrente de amigos em busca dela, fazendo todo o esforço que podiam
para limpar e restaurar esta grande mulher. Ela se isolou desolada de
esperança. Nada de celular. As correntezas daquele rio de sangue a levariam. Leve-me por mais pesada que eu esteja... Desistente
entrou em coma sentimental, em anestesia psicológica e não possuía mais sensibilidade
às dores. Tornou-se leve e todo o peso sobre Rose despetalou. Nova pétalas
surgiriam ao acordar e seus amigos a colheriam quando a encontrassem
florescendo na árvore.
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