quinta-feira, novembro 26, 2015

Atuação sem palco


pacato silêncio invasor escorre ao meu redor aos poucos
desolado olhar perturbador praticando o sofrimento nos outros

todos toldos levados pelas tempestades carentes
entredentes falando da intensidade do jogo
estridente recado revelador ressuscitando mais um morto

solto sem saber selar a identidade rompida na barragem
mensagem ensurdecedora revelando médicos e monstros
em desacato a vida ferida pela lama retida na correnteza

caem árvores pelo ar na certeza de nascerem floresta

rigorosamente resta o dissabor do dessabor na esticada língua
viva perversa revidando socos transformando tudo em festa
curvando imaginário chapéus para os céus que outra chuva pinta

ah, acolhedor espaço dos loucos usando nos dedos tinta
passando pela pele pesadas cores de alvo alvos e respinga
pela eternidade das cicatrizes a marca da fala de atores e atrizes.


(às 10h55, Rafael Belo, quinta, 26 de novembro de 2015)

Um comentário:

Bello Dione disse...

Poema maravilhoso que retrata o sofrimento das pessoas da cidade de Mariana em Minas Gerais.
Tragédia assustadora que talvez,nunca acontecerá novamentdae.E as feridas deixadas pelo acontecimento,jamais cicatrizarão.