Lucius
estava inconsciente mais ouvia tudo. Estava em coma induzido há dias. Tentava
dizer algo, mexer qualquer coisa sem conseguir. O corpo não obedecia. Como
clichê de filme norte-americano as pessoas insistiam em lhe contar os mais
absurdos segredos, diziam o quanto o amavam, tanta falta fazia, porém Lucius
nunca teve certeza se havia realmente este tal de amor, aquela palavra
sentimento.
"Ou vim com defeito ou todos são tolos,
afinal... Por que vou querer atenção, alguém querendo saber tudo de mim, meus
afazeres e pior os meus pensamentos?! Não! Afastem-se! Sumam daqui. Não, não,
não, esperem... Ainda não sei como sobrevivi... Não sinto nenhuma maldita dor,
então terminem com isto logo. Calem a boca! Deixem-me em paz uma vez pelo
menos."
"Planejei direito desta vez. Era para eu
estar em milhares de pedacinhos indo direto para o nada, para o zero absoluto,
mas, mas, mas... AAAaaaa... Não funcionou e além de não entender porquê ainda
estou preso obrigado a receber carinho e atenção. Então, realmente, há castigo
pelos maus pensamentos, pelas más intenções... Só queria saber quem elabora
tais punições. Não, não, não... Quero não."
"Eu não devia ter me afastado da bomba... Para
onde foram as milhares de pessoas que estavam lá? Por que eu não morri?"
Com os olhos estatelados, Lucius assistiu a reportagem onde um grupo de
terroristas assumia a responsabilidade do que não havia acontecido e só então
percebeu ter aberto os olhos. Estava só no quarto. Conseguiu mexer um pouco a
cabeça. Não restava muito de seu corpo afinal. Foi tudo que viu porque logo
sentiu uma dor insuportável e tudo foi escuridão. O sol ia se por e a noite não teria brilho nenhum - sem estrelas e luar.
Um comentário:
"O sol ia se.por e a noite não teria brilho nenhum" fantástico! Parabéns!
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