por
Rafael Belo
A
percepção de cada um sobre o mundo - se não for cópia - não é a mesma. O cérebro
e a própria lógica deste funciona com uma particularidade tamanha difícil de medir.
Como dimensionar o imaterial, às vezes nem entendido por quem o possui? Com respeito,
certamente. A relatividade da simplicidade e da complexidade está ligada
diretamente a quem esta diante deste dilema. Pode ser solução, problema ou
sinceramente não significar nada e os rótulos distribuídos na saída do útero só
aumentam o suficiente para nos reduzir às superfícies do olhar.
Neste
caso, até cópias são diferentes. Só parecem iguais e tentam imitar. Ao primeiro
olhar as percepções são só impressões. Estas não podem ser marcadas, não podem
ficar. Nada fica no lugar por muito tempo. Até prédios e empreendimentos
sólidos vão se liquefazendo diante do tempo e qualificar os efeitos do
cotidiano é se manter irredutível em uma opinião, admitir a inexistência da
deterioração e da evolução. A construção de cada um de nós é um mosaico, não um
vidro liso sem cortes e recortes. Nós somos uma mudança constante mesmo quando
não parece.
Aparência
é uma palavra dizendo tudo: não significa nada sem contexto nem explicação. Na
sociedade da imagem, confundimos paisagens com pessoas e temos raciocínios à
toa sobre julgar o visto. Os pensamentos e posicionamentos sim são
significantes como o verdadeiro diálogo. Mas, há ainda um algo mais em nós,
ditos racionais. Uma conexão excessiva nesta sociedade conectada da informação
e do instantâneo igualmente carente e solitária. Cara e coração são smiles e emotions
avisando a chegada a todo instante no celular. Somos encontrados em todo lugar,
mas estamos perdidos, desconectados da importância do outro.
Supomos
ser simples para nós o mesmo para o outro e perdermos o tato, a percepção das
necessidades deste. Assim como elogios são a Nutella de uns e o inferno de
outros, o silêncio é o pesadelo de uns e a necessidade de outros... Se não nos
dispomos a entender nem a diferença dos organismos, o contraste dos corpos, dos
tamanhos, dos pesos, das medidas, da saúde de cada um como querer falar sobre o
modo de pensar? Estamos longe de nos entender realmente, mas nem precisamos de
entendimento. Precisamos de uma audição boa, excesso de paciência, a morte
total do julgamento e a contaminação global do respeito.
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