por
Rafael Belo
Olhe
bem para nós. Temos uma ânsia por atenção quase canina. Abrimos olhos grandes
felinos e colocamos em prática nossa atuação. No carnaval das fantasias
liberamos nossas inibições, tiramos as máscaras e tentamos nos encaixar até a
quarta-feira de cinzas chegar. Mas, o quebra-cabeça pode parecer perfeito na
superfície, em tudo visto de fora, porém, por dentro, em profundidade nada se
encaixa. Nossas peças soltas se soltaram apenas por uma razão: nós. Não há nada
errado com o mundo. Errado foi como aprendemos a lidar de maneira precária com
o exterior e nula com o interior.
Sim!
Projetamos ideais, idealizamos expectativas parciais para receber a totalidade
da responsabilidade dos nossos sentimentos do outro, muitas vezes, sem ele
sequer desconfiar. Construímos castelos de ouro e diamantes com areia e ar, montamos
seres perfeitos com peças sobressalentes da imaginação, então, quando tudo dá
previsivelmente errado há drama. Choro e ranger de dentes se espalham no
inferno tão mobiliado por nós. Mas, espere! Quem somos nós? Quais nossas
vontades? Quais os anseios das nossas almas? Quantos espelhos negamos nos
rodear?
Temos
tanto a admitir para nós mesmos... Mas, claro, é mais fácil culpar os pais, a
família, a escola, os professores, os políticos eleitos sozinhos, o mundo...
Além, é óbvio, de todas as acomodações feitas para não nos incomodarmos tanto
com nossa falsa satisfação. É tão passageira esta satisfação... Passamos tanto
tempo insatisfeitos a ponto de qualquer estímulo em direção a uma realização
verdadeira já injetar novo ânimo nos nossos projetos. Engraçado... Crescemos
direcionados por todas as referências a buscarmos as riquezas, a sermos ricos,
ou então aquela ideia da pobreza ser o objetivo, ou ainda quando nos dizem faça
a sua felicidade, siga seus passos, ficamos tão confusos. Nunca nos mostraram
este caminho.
Não
poderiam porque não sabem. Precisamos descobrir por nós mesmos. Este ciclo
infinito de busca da riqueza, felicidade e amor adaptado para as bilheterias
atuais do American Dream é individual.
Não é este caminho único da autoajuda coletiva reprimindo nossos eus de tantas
maneiras com aquisições materiais e metas empresarias, industriais, mecânicas a
ponto de nos fazer sentir fracassados, inadequados, incapazes em algum momento
das nossas vidas. Talvez nem nos tenhamos suprimido nas nossas necessidades
imateriais inorgânicas em uma substituição qualquer porque cada caminho traçado
é marcado por apenas um de nós e para suprimirmos algo devemos ter algo para
suprimir.
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