por Rafael Belo
Já era um ano perdido.
Eu, Anara, vou mudar de nome. Talvez as más escolhas parem de me encontrar. Se
pararem de me procurar já fico satisfeita. Quem conhece meu rosto já se foi…
Agora preciso de uma nota de desaparecimento e morte por dedução com um nota de
falecimento veiculada em toda parte. Depois é voltar-me a força divina mais
próxima, quem sabe uma novena, e pedir para ser esquecida e não atacada.
Houveram guerras
invisíveis aos meus olhos, mas não aos meus ouvidos e minha intuição. Nada fiz.
Preferi a razão tão em desuso. Minha cabeça rolou duas vezes e nada a
substituiu nem minha função foi preenchida. Devo ser uma lenda ou a lenda
específica da mula sem cabeça com adaptação brasileira para a burra sem cabeça.
Seria redundante? O peso de uma pena pode derrubar um elefante…
Viviam me perguntando se
vivo de ética, de moral e caráter. Pelo visto morro deles também, mas consigo
sorrir de verdade, dormir com leveza, ser bem lembrado… E minha alma, vestindo
este corpo, é toda gratidão mesmo quando não há um tostão para um filão, vulgo
pão. Talvez eu tenha valores de mais ou seja demais ter valores, mas agora
penso em um nome novo para mim? Você pensou em utopia? Já me sugeriram antes…
Não se preocupe. Vou
encontrar um. Morro todo dia um pouco de mim. Outras pessoas vão diminuindo
anonimamente minha população mental, às vezes um universo inteiro explode sem
deixar vestígios, mas é bem possível um novo surgir no lugar… Uma supernova sem
bandeiras separatistas, extremistas, consumistas da mente, devoradoras de alma,
Jack Estripador dos corações… Quando eu me calar, vou estar lá.
Um comentário:
.....morro todo dia um pouco de mim..muito bom! Forte!
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