por
Rafael Belo
Os
laços estão guardados, protegidos de qualquer enlaçamento, ou melhor,
envolvimento. Não queremos nos envolver e criamos mecanismos mentais, corporais
e sentimentais para evitar “sofrer”, quer dizer, viver. Nunca estaremos prontos
se assim pensarmos. Queremos nos defender de nós mesmos e não do outro e
colocamos em mente termos o tempo todo do mundo. Não é verdade. Temos somente o
agora. O momento de autoajuda escapando efusivamente das nossas mãos. É pura
ilusão achar no passar do tempo uma cura. A cura para nós somos nós e a doença
também.
Mas,
é preciso resolver como lidamos com a situação. Precisamos de tempo e luto. Enfiar
a cabeça no escuro e evitar o acontecimento das possibilidades só nos deixa no
mesmo lugar. Não há regra para avançar, parar e recuar para enxergar melhor, para
sentir com confiança e pensar com clareza. Vamos lá e tentamos uma vez,
falhamos. Começamos a segunda tentativa para não conseguirmos mais uma vez. A terceira
pode seguir os padrões, porém quem define os padrões não somos nós? Quem estica
as noções de certo e errado? Somos tão clichês como sempre fomos... A única
diferença é a roupa, às vezes nem isso...
Apegamos-nos
ao nosso eu passado, morto, talvez por isso adquirimos um gosto tão especial
por filme de zumbis... Chame Yung, Freud, nossos pais... O figurinista não vai
resolver se ainda usamos as mesmas roupas e chamamos de vintage, se relacionamentos chegam ao fim e o nomeamos erros, se
usamos um quantidade incontável de “ses” para decidirmos não decidir porque é
mais seguro não se envolver. Seguir os impulsos e não pensar é um movimento
libertador surpreendente matando nosso tempo particular fingindo um parar
repentino deste quando quem para somos nós. Por que estamos presos neste ciclo
falso de “é melhor esperar”?
Quando
vamos estar prontos? Vivemos um relacionamento abusivo com nós mesmos nos
privando das nossas responsabilidades de procurar a felicidade. Fragmentamo-nos
em tantas rachaduras no espelho só para juntar tudo, grudar com fita adesiva, unir
com cola quente, colar com superbonde, apenas encaixar como se ainda fôssemos
os mesmos e no final nos dividimos. Estamos divididos em trincheiras de uma
guerra desnecessária travada com nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas
vontades e nossas necessidades. Lutar tantas guerras simultaneamente desgasta
nosso resgate deste naufrágio no qual insistimos em nos afogar. Para andarmos
sobre as águas precisamos nos envolver com cada parte de nós, assim acabamos
com a guerra e bem conosco nos envolvemos bem com o mundo.
Um comentário:
"Quando vamos estar prontos?"
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