Por
Rafael Belo
Demorou
para eu enxergar o outro como outro. Mesmo sem saber, este sempre foi uma
extensão de mim, de cada um de nós. Tantos os considerados positivo ao dito
negativo eram reflexos dos meus pensamentos, dos meus ideais, das minhas expectativas,
sabemos disso, mas superficialmente e preferimos ignorar. É fácil ler o
discurso de aceitação geral e agir totalmente diferente. Fazemos isso. Não negue.
Basta ler os posts, os comentários, o compartilhar por aí e depois conversar
com as pessoas. Vivemos em negação. Não perdoamos,
não seguimos em frente. Guardamos para nós. Somos falsos cristãos, falsos
moralistas, falsos crentes... Usamos nossas virtudes para julgar o outro. Seguimos
corretos no trânsito e vamos crucificando o errado desejando a punição deste,
mas não porque é lei, porque é justo, mas para exaltarmos nossa retidão.
Quanta
petulância a nossa achar sermos o conserto do mundo se não nos descobrimos
quebrados, apontando o dedo disfarçando como comparação. Falamos dos “defeitos”
e para compensar enumeramos “qualidades”. Armazenamos a raiva e qualquer poeira
pode ser a gota d’água. Divergências viram guerras e vivemos uma falsa
liberdade... Escrevi tanto falso aqui... Mas é por aí. Nós falsificamos nossa
realidade, pirateamos todo o nosso redor e somos tendenciosos aos nossos
interesses. Só podemos ser menos invejosos, chegar a quase sabedoria, reduzir o
orgulho, zerar a luxúria quando pararmos os joguinhos.
Vivemos
jogando com nós mesmos partidas intermináveis onde todos perdem. Sustentar falsificações,
piratarias e tendências causam exaustão, perda de memória, solidão... Tornamo-nos
carentes e desconfiados colecionando um desperdício recorde de oportunidades, chances
de recomeçar ou terminar o jogo. Estamos de patins correndo na esteira. Estamos
mortos... Vivemos paranóicos ou em um estou nem aí forçado vazios nos
relacionamentos e também quando em nenhum. Solteiros esbanjando o quanto é bom
ser solteiro? Sério? Namorados exaltando a perfeição da vida a dois? Casados mostrando
a superação diária em dupla dos desafios do mundo? Pode isso produção? Queremos
um aval, uma comparação para dizer: há pessoas, há casais, há casados piores
por aí...
Condescendentes
ao extremo e orgulhosos nos detalhes vamos vaidosos vendo notícias – implícita
ou explicitamente – nos incitar a cegueira do olho por olho, mas não pela
informação em si, mas porque não podemos permitir ninguém impune. Onde está a
sinceridade e a honestidade puras, distantes dessas buscando audiência,
aceitação, seguidores, adoradores...? Cansei de quem não sai do muro, de quem
fica na dúvida e de quem não arrisca... Ando com preguiça de quem não se
entrega, de quem não está presente, de quem não demonstra interesse nem
intensidade e de quem não respeita o outro. Vale à pena a aceitação e
descoberta de si, a liberdade do outro e a autenticidade de cada um. Todo o
resto é ainda ser manada.
Um comentário:
.....ando com preguiça de quem não se entrega! Muito bom!
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