por Rafael
Belo
Não
sei quanto tempo ela está ali. Provavelmente, quando eu cheguei metade de um
dia já havia se passado. Dizem ser louca. Ela enlouqueceu esperando ninguém
jamais soube o motivo da espera. Mas, as pessoas sempre dão uma importância
muito maior às maledicências e fofocas a verdade em si. Vou até lá. Será possível
alguém já ter feito isso? De mulher pra mulher ela falaria? Direi Marisa? Ela estaria
realmente presente? Sim. Ela me viu, me acompanha e parece estranhar minha
aproximação.
Eu sempre acreditei que se esperasse o que
me importa, me é útil e agradável viria. Chegaria e não foi isso que aconteceu.
É isso que quer saber? Por quê? Nunca pensei poder ser além do que sou e, a
família que tive, sempre reforçou esta ideia. Meus namorados também...
Ex-namorados! Conversar? As pessoas sempre quiseram dizer o que eu devo fazer,
o que eu devo pensar, o que eu devo comer, o que eu devo vestir... E meu eu
ficou por aí...
Esta é a história da maioria? Não sei. Sei
que é a minha! Não conheço maiorias nem minorias e as próprias atribuições destes
substantivos femininos se contradizem. Talvez seja fato que humanas e exatas
são extremos opostos e eu uma louca qualquer sem nem ter noção de direção ou
quanto tempo faz que estou aqui. Mas, escrevi muito do meu mundinho aqui. Minha
mente psicodélica sempre me traz de volta para este lugar. Porém, bloqueei o
motivo. Não faço ideia de acabar sempre aqui.
Deixe-me na minha caixa. Ninguém mandou
você sair. Quem mandou você reproduzir Eva e comer o fruto do conhecimento...
Minha ignorância, meus hábitos, minha rotina, me doem menos. Tenha piedade e me
deixe sofrer em paz. Quem sabe minha espera valha à pena... Ou isso nem seja um
sofrimento, mas uma penitência esquecida que resolvi pagar. Pegue sua caixa e
vá embora... Ei! Feche minha caixa ao sair.
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