sexta-feira, novembro 03, 2017

o palco é ela (miniconto)






por Rafael Belo

Todos os olhares estavam nela. Ela era o ímã. A atração despertando tudo. Alguns estavam boquiabertos outros sorriam sinceramente. Ela mexia os quadris com os ardis aprendidos. Iam sutis e pontuais. Sua barriga tinha vida própria e seus ombros pareciam ondas agitadas invadindo as praias.

Todo o corpo dela ondulava. Até olhos comprometidos admiravam. Era uma hipnose em doses voluntárias extraordinárias. Estava tudo azul e mesmo assim um vermelho denso dominava. Ela dominava. Tentação! Desejo! Sedução! Eram ordinárias perto do poder daquela mulher.

Ela era um anjo caído cheio de graça! Flutuava delicada e forte como o encontro das águas em mar aberto. Cada centímetro corpóreo dançava, arrepiava e emitia as melhores vibrações. Ela era dança e música vivas. Causava frisson. Fascinação. A própria sereia rainha atraindo todas as emoções para quem assistia, mas ela mesma nada via. Estava focada naquela leveza, em estar no melhor lugar: nela mesma.


Encarava alguns rostos, porém, não os via. Tudo o que importava era ela. Ela estava em liberdade. Seu corpo era livre. Ela estava na maior imersão que jamais estivera. Enquanto era a própria expressão da música só enxergava borrões. Na mente dela ela era reprodução do que acontecia no palco. Ela desceu sem perder o ritmo. Ela era o ritmo. Ela é o presente é o agora. Nas escadas fez reverência para a vida enquanto acreditavam que ela agradecia os aplausos. Não voltou para os bastidores. Seria sempre protagonista. Saiu apenas andando excelsa e exultante vida afora. A música sai dela e a envolve Mulher. O palco é ela própria a desmontar e montar quando quiser.

Um comentário:

Anônimo disse...

Maravilhoso?