por Rafael Belo
Estou
aqui tentando buscar aquele sentimento, aquele momento, mas é como se de repente
não existisse mais vento ou sequer a brisa. Quero meus pelos eriçados, meus
cabelos bagunçados, minha pele arrepiada e um sorriso impossível de desfazer
largado no rosto. Ao invés disso, estou me sentindo um cubo de gelo seco
debaixo deste imerecido sol. Ou talvez eu mereça...! Nada é gratuito a não ser
o puro Amor, a pura Amizade... Eu confundi conexões com obsessões minha vida
toda e não posso dizer estar desconectada se sempre estive. Meu estado é
desconexão.
Minhas
emoções sempre foram instáveis e aqui amarrada, neste fim de tarde, não vejo o sol.
O tempo mudou de repente para variar. As horas se arrastam, os mosquitos se
alimentam de mim, zumbem dentro do meu ouvido, entram na minha boca, invadem os
meus olhos, mas vão diminuindo conforme as nuvens de chuva se aproximam junto
com o som do trovão fazendo cair folhas e tremer o chão. Ficou uma súbita escuridão
e silêncio. Não entendo o silêncio. Não sei como proceder... Não sei como
lidar. Nada aqui tem explicação.
Este
flash do universo neste lugar esquecido, onde uma esquecida presa está no
esquecimento ilumina tudo em um de repente e eu não sinto nada. Será possível
tantos raios em sequência sobre o mesmo lugar? Claro, tudo isso é sobre mim. Sobre
quem mais seria? Sou só em solidão por mais encontros, desencontros, leves
ignoradas e vácuos pesados que eu tenha distribuído indiscriminadamente não me
enquadro com ninguém, em nenhum cenário, mas detesto ter uma multidão em stand
by... Estão esperando nem sequer sabem o
quê.
Pressionada
nestes vazios retrôs há uma catarse nesta chuva me encarando lá de cima. Eu estou
amarrada em um lugar desconhecido sem dor, sem motivo... Bom, motivos sobram
sempre mesmo não fazendo sentido e preciso sentir e mesmo assim eu não sinto. Morrer
é assim? Nada de tipo isso ou eu ser tipo ou eu preferir tipos sou uma mulher
cheia dos meus próprios princípios porque até de mim eu me esgoto. Esta chuva
está caindo em mim com granizo ora atingindo como uma faca dilacerante meus
ossos ora queimando como chuva ácida desta poluição. Serei eu forte por mais
uma hora. Vou despertar ou me afogar, mas ninguém além de mim pode me
encontrar.
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