Depois de toda aquela
luz, o coração parou. Só por um instante. Mas, este instante foi o equivalente
a um eternidade. Para outro ângulo, era a queda de um grão de areia na relíquia
ampulheta. Quase entre um batida e outra, aquele silêncio... Podia se dizer: nada aconteceu. Porém, uma eternidade
realmente pode ser comparada a um instante. Tudo depende do olhar. Daquela brisa
imediata, às vezes sem nem conseguirmos definir se foi um sopro da vida ou uma
queda no abismo sem fundo. Tudo estava escuro e então se iluminou.
Não era uma vibração
no meio da escuridão ou um lateja no breu de uma noite sem lua, sem estrelas e
nem sequer uma luz artificial. Era dia. Meio-dia.
Um calor insano. Tanto a ponto de fazer os mais friorentos ficarem com o mínimo
de roupas possível. Então, não tinha sentido aquele momento frio vazio, até um
segundo atrás, sentido por todo o corpo de Ila. Agora Ila pensava o tanto... O
quanto se desperdiçou. Havia algo latente em seu corpo todo. Pulsava, pulsava,
pulsava... Ela sentia-se o próprio sol. Incandescente, iluminada.
Parecia um farol
recém-inaugurado. Sua energia fluía como
uma nascente descoberta. Pura, livre, nova... Sempre nova. Sentia-se nascer a
cada raio solar nascido de um coração correndo pelas águas da alma. A cada
palavra dita, a cada pensamento transformado... Saindo da abstração, da
imaginação longe, não palpável para o concreto, para a realidade, para o tocado
e descobriu uma verdade mentida a pouco tempo. Invertida. Do avesso de um
forma a transgredir os olhares. O coração sempre esteve parado.
Ila trabalhou em diversos lugares e tudo
criado por sua mente por meio das mãos parecia conter luz própria. Ela vendia
estrelas sem saber. Fotógrafa do âmago das pessoas. Realmente poderia captar a
alma, mas nunca capturar. Quem olhava, via o sutil movimento da vida ali
registrada. O reflexo de luz ali guardado sempre distribuía os sorrisos vindos
de admirar as imagens. Iluminada. Ila não era explicada pelos equivocados
pensamentos e afirmações: é só apontar e
apertar um botão. Não! Ila mostrava o valor das pessoas e profissões. Relevava
o brilho da vida compartilhada a todo instante, podendo parar as pessoas foscas
e as iluminar. Como uma lâmpada acesa de repente, depois de faltar luz. Ila dizia: - meu coração se movimentou em um instante e este
instante... Ainda não acabou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário