por Rafael Belo
Li uma
crônica de Lima Barreto esses dias onde ele afirmava que nós brasileiros
estamos sempre dispostos a esperar tudo que nos interessa, nos é útil e
agradável e fiquei pensando se sempre estivemos esperando algum tipo de
assistencialismo, algum tipo de gratuidade eterna, seja do Governo ou divina. Nem
todos, mas de alguma forma este sentimento está dentro de todos por mais
renegado que seja, mas é certo que nada será providenciado, não haverá nenhum
tipo de providência se não enxergarmos.
Há mais
para ver neste mundo, há mais para ser a cada minuto, mas somos condicionados a
cegueira, a uma caixa escura sem a permissão de entrada de luz. Aí vemos parênteses,
asteriscos fora da caixa lutando para não ser mais um produto do sistema, mais
uma catástrofe anunciada e não sabemos se adoramos ou queremos nos tornar
aquele símbolo em destaque na multidão, na internet, nos jornais, na televisão.
Sabe? Trabalhando em algo que dê orgulho?
Queremos
lembranças, sermos lembranças ou ser um aviso do possível? Você sente orgulho
do seu trabalho? Você é orgulhoso? A tonalidade, o tom, a derivação da palavra
orgulho pode nos erguer ou derrubar... Você já parou para pensar? Orgulho pode
significar um conceito exagerado de si mesmo; pundonor (não consegue abdicar,
nem deixar de possuir, excesso de pudor e rigor, decência, honra, decoro,
distinção); altivez (Amor próprio, dignidade, nobreza, presunção, arrogância);
brio (coragem, disposição, elegância, determinação, valor); dignidade e soberba
(prepotente, intolerante). Eu vejo tanta intolerância e soberba espalhadas por
aí e, pior, sendo incentivadas de maneira tola e gratuita.
Mesmo
assim ainda há a espera pelo que nos interessa, nos é útil e agradável. Estamos
nesta caixa e nem percebermos a necessidade de respirar de sair dela, às vezes,
nem sabemos esperar. Nestes duplos sentidos múltiplos qual o motivo a nos fazer
levantar? Qual o sentido de sair da caixa e dar as costas para quem nem viu a
caixa ainda? Estenda sua mão. Se puder dar oportunidade para alguém simplesmente
dê porque, apesar de tudo que nos dizem e realmente sermos tudo, sozinhos não
somos nada.
Um comentário:
Muito lindo! Excelente reflexão!
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