segunda-feira, março 10, 2014

“Como uma onda no mar...”

“Como uma onda no mar...”
por Rafael Belo

Há tantos mundos dentro dos nossos mundos. Não é surpresa a linha invisível separando o sol escaldando e o tempo fechado pronto para a precipitação. Chuva. Mesmo ainda não sendo oito horas da manhã. Mas vivemos nos surpreendendo com isso. Não podemos acostumar nossos olhos nem ao considerado feio, nem ao dito bonito. Conseguir registrar as imagens dentro destes infinitos espaços não permite reduzir tanta vida. Dependendo da luz e da sombra, há tantos detalhes em um simples metro quadrado... Nem podemos identificar todos.  Precisamos ter o costume de dividir as partes do todo, de todos e apreciá-las e a vida ficará mais bela.

Tais detalhes dão um charme, um ar especial e ao mesmo tempo corriqueiro aos nossos feitos e desfeitos, principalmente aos nossos defeitos. Porque sempre recaímos à perfeição. Ao querer ser perfeito. Ser perfeito não passa de repetição e maquiagem. São tantos erros para o acerto e só consideramos este fim. Com o clássico os fins justificam os meios. Quando passei a olhar a vida pela lente macro da câmera fotográfica, segui tentando não pisar e destruir mundos inteiros. Fascina-me esta perfeição da natureza com seu ciclo de repetição. Mas, prefiro o imperfeito.

Somos a imperfeição mais perfeita já criada e como nós bem dados, nós estamos atrelados ao tempo e o tempo tem seu próprio ritmo dependendo do mundo do olhar. Há tantos olhares a serem explorados. Uma aventura a cada piscada. Uma emoção diferente toda vez. É só prestar atenção ao silêncio e os sons de cada ser da natureza irá quebrar o silêncio à sua maneira e depois deixar o silêncio fazer a pausa necessária. Um eco no repleto, no pleno, em toda a peculiaridade existente. Ainda bem. É excelente ter sempre tanto pelas nossas eternidades particulares. Este dar a chance aos outros sentidos de sentirem as ondas de diversos tipos de mares.


Sentido a mudança da luz em tudo, Lulu Santos já cantava: Há tanta vida lá fora, aqui dentro sempre... Claro. Há dores. Sofrimentos. Perdas. Danos. Mas nada é irreparável. Basta repararmos nos resíduos, nas obras deixadas, no toque de cada pessoa, tantas histórias e trajetórias cruzadas, compartilhadas e tantos quintais de imensidão deixando olharmos nos olhos um dos outros e deste cotidiano reluzente. Os detalhes sempre estão ali, aqui, lá, bem na nossa frente, rentes ao nosso nariz. Só o querer nos separa de tantas maravilhas e suas expressões. Queira.

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