“Como
uma onda no mar...”
por Rafael Belo
Há tantos mundos dentro
dos nossos mundos. Não é surpresa a linha invisível separando o sol escaldando
e o tempo fechado pronto para a precipitação. Chuva. Mesmo ainda não sendo oito
horas da manhã. Mas vivemos nos surpreendendo com isso. Não podemos acostumar
nossos olhos nem ao considerado feio, nem ao dito bonito. Conseguir registrar
as imagens dentro destes infinitos espaços não permite reduzir tanta vida. Dependendo
da luz e da sombra, há tantos detalhes em um simples metro quadrado... Nem
podemos identificar todos. Precisamos ter
o costume de dividir as partes do todo, de todos e apreciá-las e a vida ficará
mais bela.
Tais detalhes dão um
charme, um ar especial e ao mesmo tempo corriqueiro aos nossos feitos e desfeitos,
principalmente aos nossos defeitos. Porque sempre recaímos à perfeição. Ao querer
ser perfeito. Ser perfeito não passa de repetição e maquiagem. São tantos erros
para o acerto e só consideramos este fim. Com o clássico os fins justificam os
meios. Quando passei a olhar a vida pela lente macro da câmera fotográfica,
segui tentando não pisar e destruir mundos inteiros. Fascina-me esta perfeição
da natureza com seu ciclo de repetição. Mas, prefiro o imperfeito.
Somos a imperfeição
mais perfeita já criada e como nós bem dados, nós estamos atrelados ao tempo e
o tempo tem seu próprio ritmo dependendo do mundo do olhar. Há tantos olhares a
serem explorados. Uma aventura a cada piscada. Uma emoção diferente toda vez. É
só prestar atenção ao silêncio e os sons de cada ser da natureza irá quebrar o
silêncio à sua maneira e depois deixar o silêncio fazer a pausa necessária. Um eco
no repleto, no pleno, em toda a peculiaridade existente. Ainda bem. É excelente
ter sempre tanto pelas nossas eternidades particulares. Este dar a chance aos
outros sentidos de sentirem as ondas de diversos tipos de mares.
Sentido a mudança da
luz em tudo, Lulu Santos já cantava: Há tanta vida lá fora, aqui dentro sempre...
Claro. Há dores. Sofrimentos. Perdas. Danos. Mas nada é irreparável. Basta repararmos
nos resíduos, nas obras deixadas, no toque de cada pessoa, tantas histórias e
trajetórias cruzadas, compartilhadas e tantos quintais de imensidão deixando olharmos
nos olhos um dos outros e deste cotidiano reluzente. Os detalhes sempre estão
ali, aqui, lá, bem na nossa frente, rentes ao nosso nariz. Só o querer nos
separa de tantas maravilhas e suas expressões. Queira.
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