segunda-feira, março 31, 2014

“Sou realista, temos que encarar a realidade”

“Sou realista, temos que encarar a realidade”
por Rafael Belo

É tão forte a presença da ausência. É um vazio individual para cada um. Daqueles sem preenchimento. De forma tão única...  A ponto daquele espaço latejar reservado para sempre. Abraços e palavras só extenuam a dor pois nenhum desses amenizam, intensificam, modificam nosso sentimento, mas o silêncio também não e por mais certeza neste fato é certo, preferimos dizer não. Por isso, assim como a morte se difere, a dor é diferente também, mas nosso apego chantageia o coração com dizeres no ouvido sobre injustiça com o capital egoísmo mordendo nossa orelha.

Forçamos fechar os olhos, fingimos não ser verdade, mas por maior a força da razão, a emoção sempre a supera. Porque são tantas emoções, lembranças e o dolorido fato de não ser mais possível produzir novas memórias... A razão não tem chances alguma. Quando esta não é única é um grupinho, uma minoria sem chance alguma. Ainda mais quando se trata de Amor. Quando sua figura paterna, de repente sobe um degrau a mais, mesmo sem força nas pernas.  É impossível esquecer aquele momento final, ainda mais quando você tinha seu pai nos braços. Aí os dentes se apertam, os lábio se contraem e antes dos olhos se encherem de lágrimas, estas caem abundantes.

Mais importante sãos as lembranças. Cada uma feliz, menos nos últimos 45 dias e neste terceiro dia de ausência... Mas a morte foi o caminho sem sofrimento e ao orarmos pelo melhor – e foram tantas orações – foi o melhor. Pois os semblante do pai era de dor tamanha e mais viria com o tratamento. Não haveria regressão ou cura... Ninguém merece sofrer tanto, perder sua independência, ainda mais quando sempre alçou seus voos fora das asas. O silêncio e o leve balançar de cabeça, quando de repente pararmos e depois sorrimos, será daquela estranheza de o mundo seguir sem um dos nossos principais exemplos e um dos primeiros. Um dos dois Amor instantâneo e insubstituível na vida.


Somos o legado. Filhos, netos... Não traços, voz, gestos, pensamentos, aparências, enfim, mas atos, escolhas, sorrisos e toda a alegria viva e intensa deixada em nós. É claro, meu pai tinha defeitos como todos nós, mas seu brilho na sua individualidade de ser, era e continuará sendo nas nossas memórias, orações e lembranças, seu maior destaque, nossa herança. Herdamo-lo com orgulho e junto vem sua vontade de resolver todas as coisas, nos amparar, nos carregar quando era preciso e sempre nos fazer rir... Agora de seu lugar de paz com certeza pede para não fingirmos estar de olhos fechados e deitados no chão diria simplesmente: Sou realista, temos que encarar a realidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Dor sem fim....."não posso ficar nenhum momento sem vc, sinto muito amor mais não pode ser...." Tristeza não tem fim , felicidades sim....a vida segue , muito dificil, mas segue...Mamys