“Sou realista, temos que encarar a realidade”
por Rafael Belo
É tão forte a
presença da ausência. É um vazio individual para cada um. Daqueles sem
preenchimento. De forma tão única... A
ponto daquele espaço latejar reservado para sempre. Abraços e palavras só
extenuam a dor pois nenhum desses amenizam, intensificam, modificam nosso
sentimento, mas o silêncio também não e por mais certeza neste fato é certo,
preferimos dizer não. Por isso, assim como a morte se difere, a dor é diferente
também, mas nosso apego chantageia o coração com dizeres no ouvido sobre
injustiça com o capital egoísmo mordendo nossa orelha.
Forçamos fechar os
olhos, fingimos não ser verdade, mas por maior a força da razão, a emoção
sempre a supera. Porque são tantas emoções, lembranças e o dolorido fato de não
ser mais possível produzir novas memórias... A razão não tem chances alguma. Quando
esta não é única é um grupinho, uma minoria sem chance alguma. Ainda mais
quando se trata de Amor. Quando sua figura paterna, de repente sobe um degrau a
mais, mesmo sem força nas pernas. É impossível
esquecer aquele momento final, ainda mais quando você tinha seu pai nos braços. Aí
os dentes se apertam, os lábio se contraem e antes dos olhos se encherem de
lágrimas, estas caem abundantes.
Mais importante sãos
as lembranças. Cada uma feliz, menos nos últimos 45 dias e neste terceiro dia
de ausência... Mas a morte foi o caminho sem sofrimento e ao orarmos pelo
melhor – e foram tantas orações – foi o melhor. Pois os semblante do pai era de
dor tamanha e mais viria com o tratamento. Não haveria regressão ou cura... Ninguém
merece sofrer tanto, perder sua independência, ainda mais quando sempre alçou
seus voos fora das asas. O silêncio e o leve balançar de cabeça, quando de
repente pararmos e depois sorrimos, será daquela estranheza de o mundo seguir
sem um dos nossos principais exemplos e um dos primeiros. Um dos dois Amor instantâneo
e insubstituível na vida.
Somos o legado. Filhos,
netos... Não traços, voz, gestos, pensamentos, aparências, enfim, mas atos,
escolhas, sorrisos e toda a alegria viva e intensa deixada em nós. É claro, meu
pai tinha defeitos como todos nós, mas seu brilho na sua individualidade de
ser, era e continuará sendo nas nossas memórias, orações e lembranças, seu
maior destaque, nossa herança. Herdamo-lo com orgulho e junto vem sua vontade
de resolver todas as coisas, nos amparar, nos carregar quando era preciso e
sempre nos fazer rir... Agora de seu lugar de paz com certeza pede para não
fingirmos estar de olhos fechados e deitados no chão diria simplesmente: Sou realista, temos que encarar a realidade.
Um comentário:
Dor sem fim....."não posso ficar nenhum momento sem vc, sinto muito amor mais não pode ser...." Tristeza não tem fim , felicidades sim....a vida segue , muito dificil, mas segue...Mamys
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