segunda-feira, maio 19, 2014

Pense sempre – por Rafael Belo


A truculência para retomar um espaço conquistado, mais conhecida como agressão, violência física é a forma mais clara de desespero do ser humano. A pressão psicológica diária e a constante disputa de seja lá... São nosso cotidiano. Mas, se engana quem acredita ser o caso do poder, seja qual for o cargo a proporcionar certa (ou toda) liderança a alguém, ser o culpado, a vítima. Porque estas acabam sempre sendo as localizadas longe de onde as decisões são tomadas. Porém, o engano já está na frase. Quando o historiador liberal inglês do sec. XIX, Lorde John Acton, a disse esta não tinha a tendência a se generalizar. "O poder tende a corromper; o poder absoluto corrompe de maneira absoluta (absolutely). Os grandes homens quase sempre são homens maus".

Tender a, é totalmente diferente de ser e pronto. Não é o mesmo de definir. Como manipuladamente acontece com a frase de Acton atualmente (e há muito tempo): o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. Não vem a sensação de sempre ter alguém tentando nos manipular em toda hora e em qualquer lugar? Eu me sinto assim. A frase original possui “tende” no seu contexto. Não muda totalmente? Tendências podem ser detidas, contidas e limitadas. Coisas absolutas não. Assim como Nelson Rodrigues insiste em ecoar Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar. Pense sempre, mesmo se parecer desnecessário, nunca o é. Há sempre algo importante até no meio da futilidade.

É importante dizer, então, sobre estes “grandes homens”. Grande de tamanho, medida, de conquista, de ostentação, autoridade, poder... Não de grandeza de coração, caráter, ânimo, de elevação de sentimentos, generosidade.  Estes últimos compartilham, dividem porque conhecem e se preocupam para algo além de suas bolhas. Quando não existem limites, não há como ter contenção, equilíbrio, justiça, as bolhas se inflam, aumentam ao invés de serem estouradas. É absoluta corrupção do ser. Por isso, maus. Também não é mau de essência de oposto a bom. Nada de anjo x demônio. É o mau comportamento, a má índole.


Como nosso comportamento de seguir tendências são as modas acolhidas diretamente do padrão das estações de se vestir. Estamos nesta estação (como se não saíssemos de nenhuma). Do retorno do olho por olho, dente por dente. Quer? Vai lá e pega para você... Não importa quem vai prejudicar ou o custo da ação. É preciso deixar esclarecer os atos e as palavras. Deixar claro para não haver qualquer resquício, nenhuma sombra, nenhuma linha descosturando com restos, sobras para serem interpretadas em qualquer contexto ou mandar recados indiretos. Assim, nos tornamos cúmplices dos justiceiros. Os quais só querem extravasar a própria raiva, alimentar mais a frustração e satisfazer sua visão distorcida de justiça.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Pense sempre, mesmo se parecer desnecessário, nunca o é. Há sempre algo importante até no meio da futilidade". Quem tem olhos de ver, sempre vê alguma boa lição. Abraços Belo! Fabiana Silvestre