Aquela pena
representava toda a liberdade. Ele estava confinado em uma caixa a prova de
som. Nunca houve grades ou correntes, mas como cresceu sem contatos e
relacionamentos, apenas sob a ditadura do silêncio, era prisioneiro do
desconhecimento. Saga estava condicionado a não agir e pensar, então, era tão
confuso. Era alimentado três vezes ao dia e depois uma bacia com água para se
limpar. Até hoje. Uma parte gasta da caixa se abrira...
Lá fora a pena era
soprada pelo vento. Para Saga a pena parecia diferente, mas era a primeira a
chegar até os olhos dele, então... Estava desorganizada. Era a única palavra a
ser entendida quando aquelas mãos entravam e saiam da caixa. Só sabia quando
dormir e acordar por meio daquela luz artificial no meio da caixa. Para ele
vento era uma respiração forte. Era o som entrando pela parte desgastada à
prova de som...
Respiração livre começou
a queimar dentro dele como desejo. Seu coração ofegava junto com a aceleração
da respiração. Saga não conseguia ficar parado. Só conhecia o cheiro do medo e
aquele novo odor, cheira liberdade, mesmo ele não sabendo nomear aquela
sensação. Sabia ser... Pensava ser... Bem, ele não entendia ainda como aquele
líquido e aquela coisa podre saindo dele sumia a cada novo acender de luz.
Saga não conseguia
cortar suas unhas com a boca, então ele as raspava para manter elas rentes aos
dedos. Raspava justamente onde o buraco se abriu. Saga forçava a abertura e ela
cedia. Lá fora a pena parecia aproveitar o vento e se tivesse olhos, deveriam
estar fechados. Saga só queria sentir aquilo. Sua dona tinha medo dele e ele
sairia para mostrar a ela não ter motivos para temê-lo. Ele não sabia do motivo
do temor dela vir da desinformação sobre sua raça. Mas ele apenas latiria e
faria festa, não perguntaria para ela quem era o animal.
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