Logo ela estava
pensando. Refletia a própria existência e dos outros. Será que existiam mesmo? Por
uma questão de raciocínio a resposta óbvia já fora dada. Penso, logo existo...
Mas, Soraia não era muito destas reflexões. Impulsiva, gostava de impor seus
sentimentos aos outros e queria retribuição instantânea.
Era espontânea... Mas
os outros... Os outros... Estes eram ingratos. Não conseguiam ser espontâneos
com Soraia. Era pressão demais. A exigência de expor os sentimentos. Falar era
perigoso, calar também... Tudo gerava dúvidas em Soraia. A demora de expressar
seja lá... A fazia sentir-se mal. Ela estava com dores de cabeça intensa.
Também estava de
ponta cabeça há horas. Seu sangue latejava. O pneu do carro estourara em uma
curva e quando percebeu estava com as quatro rodas para cima. Era tarde quando
em um impulso resolveu dar uma volta pela cidade silenciosa. Quem sabe
conseguiria silenciar a mente da mesma forma.
Então, era o momento
e o lugar exato para pensar no sentido da vida. Soraia estava intacta. Sem dores,
sem traumas, mas não sentia nada... Nem vontade de sair dali. Talvez fosse
depressão, pensou. Decidiu se mexer e saiu do carro. Ia caminhar a esmo. Quando
estava a cem metros do acidente, o cheiro forte de gasolina chegou até ela ao
mesmo tempo em que a explosão. O Ka 2014
com extensas prestações agora era uma grande fogueira de ferro e pano retorcido.
Ela pensou: - melhor assim, vou sentir em outro lugar. Quero é me divertir.
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