Aquela imagem estava
queimando. A própria paisagem parecia prestes a pegar fogo. Na verdade, Solo
queimava em febre. Amanheceu no mesmo lugar onde foi à noite para pensar. Surpreendeu-se
ao se despertado por aquela claridade mansa e vagarosa que aos poucos iluminava
a sexta-feira. No meio daquela relva parecendo centeio milagroso, ele se
afastou de todos para refletir. Solo se sentia contrariado.
Sabe. Ele conversava
com todos e nada parecia diferente do esperado, mas ele sentia haver algo
errado. Havia alguma coisa escondida nas palavras das pessoas. Um tom
diferente. Pareciam querer tirar toda a emoção possível em cada vírgula e outros
lugares de respiração. Solo se sentia enganado, mas ao raciocinar bem... Não
conseguia encontrar qualquer razão para aqueles sentimentos.
Logo resolveu existir
um pouco em outro lugar. Pensou na bela lua cheia parecendo tocar o solo e Solo
parecia tocá-la. Há tempos não ia até aquele lugar e foi. Mas, todas estas
tentativas vãs de entender o motivo das pessoas dizerem algo tão cheio de
garantia de ser o dito mesmo e, no entanto, Solo sentir ser outra coisa. Pensando
bem, não faltava sinceridade nas conversas com ninguém. Todos gostavam de
dialogar com Solo pela autenticidade e procuravam, ao máximo, darem o mesmo.
Por isso, Solo chegou
a conclusão. Ele era o problema. Seus sentidos simplesmente apontavam para uma
pane interna. Uma insegurança. Não, não é bem isso. Solo respirou fundo e se deixou
maravilhar por aquela paisagem ao leste. Aquele nascer de um astro onde antes
morria um satélite. Tudo parou de queimar, pegar fogo e a febre se foi. Solo seguiria,
sairia do comodismo para tentar colocar em prática o seu sentir com o seu
pensar.
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