quinta-feira, agosto 31, 2017

quantas mulheres for preciso




apareceu o ombro tão sexy quanto o combo de outras partes do corpo
pareciam outros tempos com gentis amantes sutis semblantes em envolvimento
momento das delícias só da vista da nua pele faziam imaginar o simples toque
suporte sob a luz da lua as curvas mais certas a mente ostentou o apropria-se
onerou um coração suado soado entrega beijando o ombro do permita-se

o contentamento era vago nosso espaço condicionado limitado então abri o olhos do já empoderar
procurei o ar naquela liberdade perdi minha identidade por poder o poder
tão dentro de mim a gritar delicadamente todo o meu prazer a me desfazer
desconstruída meus músculos em espasmos algo em mim pasmo não sabia o que fazer

nada fiz não refiz meus passos desfiz os embaraços bebi refis de mim avassaladora
eu doutora da decepção do autoboicote estava ao meu bem-querer
nunca mais seria opressora dos meus instintos de sempre crescer

favoreço-me Mulher do avesso com seriedade nos olhos e também olhar travesso
dos meus tropeços escalo os sentimentos relaxantes e tensos para descontrair

quando eu decidir faço meus gozos substituirem os guizos soul quantas mulheres for preciso.


+Às 10h29, Rafael Belo, quinta-feira, 31 de agosto de 2017+

quarta-feira, agosto 30, 2017

Só leiam (miniconto)





por Rafael Belo

Eu me sinto sem rosto flutuando. Não é um vazio, um espaço em branco acima do pescoço. Minha face jamais será uma tela virgem para o outro pintar. Não ignorem meus traços, minha personalidade se expressa muito bem nas minhas expressões. Não sei até quando aguento tantas agressões. Mas, se cair – claro, cairei – vou me levantar com uma nova aprendizagem. Guarde esta mensagem: não sou sozinha. Podem cortar minha cabeça, pois, tenho todas e ela não vão voltar a abaixar.

Morro todo dia, mas nunca sozinha. Não sou mártir de nenhum lugar. Mais um dia para ir lá dançar. Expressar todos os sentimentos e cada centímetro do meu corpo. Mais uma carta chegando me elogiando, me pendurando como mais uma peça de carne neste podere açougue coletivo. O texto começa sempre enganoso: “Querida bailarina Sophie, hoje vi algo diferente naquele seu movimento e desta vez quase atirei em você. Meu dedo travou...”

É! Eu também tenho um louco mandando mensagens. Mas, este – como vários – é fruto da nossa sociedade. Ele não me manda mensagens de textos, não faz ligações, não recebo notificações dele no meu whats. Ele vem pessoalmente me ameaçar. Eu sinto a presença dele. É assim sua tortura. Ele já matou policiais antes. Já estive sobre proteção, mas a mentalidade dele está deturpada. É sexual e eu sou seu brinquedo favorito...

Ele disse já ter morrido outras vezes e eu acredito. Não sei mais se ele é algo físico, vivo... É mais um fantasma a assombrar, aterrorizando todos os dias, me aprisionando neste medo irritante... É MAIS UM COVARDE! Também sou mulher de verdade e danço pela minha vida. Hoje vai ser diferente. Você já deve ter lido a forma horrível que morri nos jornais. Espero ter dito todo o horror e opressão sem motivo consumindo minha voz, mastigando meu coração, dilacerando minha alma, tomando meu sono como o café personalizado deste filho da ignorância e do machismo (algum nepotismo ou incesto deste)...

Espero ter tido a coragem de revelar esta maldição só por eu ser Mulher. Protagonista do meu próprio balé, de dizer o que quer... Parei a dança no meio do ato naquele palco nosso? Gritei toda minha angústia, também sua? Só não quero saber dos incomodados com nossa luta... Eles têm os problemas deles para desvendar. Se estiverem a me velar, agora, só leiam esta história que já deve estar postado no meu perfil, no ar. Obrigada por compartilhar.

terça-feira, agosto 29, 2017

mulher de jornal





nós somos muitas somos todas magras gordas mártires mortais
sem segurança no Cisne Negro que nos dança totais
na esperança de no mínimo sermos tratadas por iguais
expostas nos jornais diários  em manchetes sensacionais

forçadas à estética atadas a amnésia de tantos danos sociais
musas celestiais no papel destratadas todo dia como troféu
dilaceradas estupradas condenadas desmotivadas julgadas em bordel

ainda pensam ser exagero drama necessidade de fama vontade de cama
quando a violência nem chama manda nos apagar a gente clama pelo nosso lugar

ah quanta luta de hora em hora para chegar viva ao próprio lar enquanto há gentes que delíra pira uma pira para nos queimar
neste valor banal da vida somos desfavorecidas causas feridas esquecidas damas do cavalgar

quem nos ama de verdade somos nós mortas de ansiedade pelo passional neste cotidiano desigual - mulher de jornal não é jornalista é notícia fatal


+às 11h11, Rafael Belo, terça-feira, 29 de agosto de 2017+

segunda-feira, agosto 28, 2017

Nas curvas da mente feminina



por Rafael Belo

Nesta sociedade constantemente machista, a desvalorização e a falsa valorização fazem parte do cotidiano feminino. Você, Mulher, passa por provações diárias inimagináveis para os homens. O desrespeito é diário e a objetização é absurda. Basta levantar a cabeça para enxergar a relativização desta afronta cultural ao ser humano Mulher. A força, a inteligência, a fé, a desenvoltura, a satisfação consigo mesma no sorriso e a atitude exalam maior Beleza do que os traços físicos, as curvas do corpo, a coloração do cabelo e as cores dos olhos.  Enraivece-me ver este gênero masculino babando, cobiçando, cheio de más intenções (e somente elas) ao ver tu, uma mulher, sem te enxergar de fato.

As curvas do cérebro nos diferem dos animais “comuns” feitos de reprodução, sono, descanso, alimentação e morte. Não somos animais no cio desesperados por sexo disputando uns aos outros o tempo todo, obrigados a ter alguém, impossibilitados de sairmos sozinhos por gosto e vontade, cobrados a terminar a noite acompanhados. Mas, estamos falando só do ser humano Mulher... Tu, Mulher, é dona de si mesma – não há dúvida – o corpo é teu, não importa se estiver em total nudez (apesar do atentado ao pudor), o pior atentado é esta sexualização de todos os atos femininos. Não é porque tu aceitou em qualquer mídia social um qualquer que significa está afim dele, não é motivo para saliências, intimidades ou qualquer aproximação se tu o cumprimentar, olhar, oferecer uma gentileza...

Tu não precisas de um(a) ficante, um(a) namorado, um(a) marido, um (a) amante, um (a) amigo especial... Não precisas nem tem que sofrer para/por nada/ninguém...! Tu és o que quiseres, quem quiser, quando quiser, se veste como se sentir melhor, muda de opinião quantas vezes for preciso e sai sozinha sem ser perturbada sim (seria ótimo se assim fosse). Não é puta, prostituta, garota de programa, pervertida, ninfomaníaca, tarada, galinha, piranha ou qualquer um desses absurdos ditos por aí. Tu sai com quantas pessoas quiser, se quiser praticar sexo vai fazê-lo.... Tu és livre.  Tu, Mulher, não é acessível se não quiser. A palavra “Não”, tem o mesmo significado de sempre. É uma negativa e pronto.

Tocar sem permissão é crime! Falar pejorativamente, ironizar, assobiar ou qualquer gesto ofensivo em relação à vocês, mulheres, não é permitido. Há machismo enraizado em toda parte. Infelizmente, é cultural. É aos poucos que esta violência acaba. E mais uma vez é preciso dizer: machismo não é o oposto de feminismo.  Machismo é patriarcal. Vem seguindo preceitos biblícos onde o homem é o líder, o pai de família, é absoluto enquanto a mulher é submissa e obediente. Não há diferença na inteligência (dado o fato de saberem da igualdade pode haver um pouco de superioridade aí para vocês meninas...), não há qualquer tipo de inferioridade. A necessidade do feminismo é evidente. Ele prega a igualdade de direitos para vocês, mulheres, e a libertação de toda esta opressão e padrão social limitando tudo que é feminino.


Todo mundo precisa de dignidade e ela precisa ser enraizada desde o ventre. A menina deve ser livre para se descobrir e ter consciência do que a aguarda lá fora neste mundo selvagem onde o homem pensa ser rei e a mulher parte de um inexistente harém (e assim somos incentivados desde o berço).  Há crianças, que serão mulheres, e têm a obrigatoriedade vital de saberem não serem frágeis em hipótese alguma. Há crianças, que serão homens, e têm obrigatoriedade vital de saberem que a mulher é igual a ele. Há muitas formas de driblar a testosterona masculina sem necessitar de um homem. A tua Beleza, Mulher - você mesma - está na tua confiança, neste agora e em um futuro possível onde tu possas andar livre sem se preocupar com quaisquer tipos de violência nem com a necessidade de reafirmar diariamente teu papel, onde  tu possas ter a segurança de ser simplesmente quem é e, apesar das dificuldades, mostrar todo o poder já existente aí: nesta mulher incrível que sempre foi. 

sexta-feira, agosto 25, 2017

A primeira vez que cunharam (miniconto)





por Rafael Belo

Primeiro a testa enrugou, sabe? Os olhos apertaram e comprimi meus lábios, mas não consegui conter um sorriso. Tentava segurar a risada, mas pareciam espasmos. Ficava pior. Não teve jeito cuspi toda a água que tinha acabado de colocar na boca. Para não molhar ninguém, me molhei. Não queria ver os outros rindo... Ia ser uma tragédia. Era uma disputa séria, até então.

Alguém gritou vai viiii-aaaa-doooo voa... Estavam todos pensando exatamente isso. Ele nunca assumiu. Mas, havia um respeito mesmo com as brincadeiras tolas por trás (não seja pejorativo, não leve por esse lado). Todos ali tinham “sorte” de ninguém se meter na vida de ninguém (a não ser um crush ou outro que não se aguentavam e davam match bem nas escadas, no terraço, no armário... Enfim... Há câmeras escondidas por todo lado...).

Mas, o mês estava acabando. Estavam todos muito cansados. Nervosos com as mudanças na empresa. Perguntavam-se se alguém seria demitido. Quem seria? Havia tensão. Até nosso gerente geral criar esta confraternização com apresentação de dons ocultos, ou seja, que ninguém da empresa conhecia. Ele estava feliz demais quando chegou. Sempre foi fechado, tentando disfarçar... Aí alguém comentou de um collant coloridíssimo. Só chegou ao meu ouvido assim: “Mavi! Está confirmado!”. Tínhamos criado esta senha nos primeiros dias dele na empresa há um ano: “Está confirmado!”. Um ano.

Passamos UM ANO tentando dizer que estava tudo bem. Todos os 100 funcionários. TODOS! Mas, para dizer não ser afetado, pintoso (olha a mente! É de pinta não de... Você entendeu), “inha” e por aí, ele fez justamente ao contrário: se fantasiou deles. Estava todo esteriotipado e quando ele subiu no trapézio improvisado que montou, mascando chiclete de boca aberta e falando pelo nariz. Você via neguinho e branquinho segurando a boca, olhando de lado... Até alguém gritar: “Vai viado voa” e o mundo acabar em risada. Ninguém descobriu o autor desta aliteração, mas ouve um infeliz que morreu socialmente.


Se você achar o vídeo vai ouvir - da única pessoa que não tinha entendido ainda toda a cena - o seguinte: “Achei que era viado, não é não? É travesti, né?” Claro que o funcionário público foi execrado, banidos das mídias sociais, foi condenado a prestar serviço comunitário sob diversos enquadramentos na lei(depois de um ano de prisão) foi exonerado antes mesmo do vídeo viralizar e até hoje alguém tem o vídeo compartilhando que é quase um “gemidão”. Diz a lenda que foi a primeira vez que separaram a palavra/classificação/machismo/preconceito/xingamento/melhoramigo e cunharam a expressão: Viiiii-aaaa-doooo! 

quinta-feira, agosto 24, 2017

De tanto





sorri sonhando secretamente sabendo ser sincero os espontâneos sorrisos de volta
acorda cada nota cantada a risada é vista descansada na borda da escada
apoiada na leveza de reconhecer a felicidade antes mesmo de a ver
brincadeira mesmo é elevar com balões de gás todo o peso a nos conter

loucura reza de joelhos para ser boa gargalhada deitada na nuvem desenhada passada na tela do céu prestes a chover

molhar contagiando o rever o agora com o humor de outra hora infância outrora sendo aurora
ora conta a história a necessidade de sermos bobos olha a seriedade já está demais nos jornais

forja nova memória palhaça laça a fumaça apontando pirraças aprontando calhamaças massas para ceder piadas ao vento
papéis esquetes do riso invertidos por não haver regras só foi estratégia para não perder nenhum momento partido
improviso o temperamento com unguento a polir desliza cômico sentimento faz cócegas até chorar de tanto rir.

+ Às 11h11, Rafael Belo, quinta-feira, 24 de agosto de 2017+

quarta-feira, agosto 23, 2017

Era Brasil (miniconto)


por Rafael Belo

Não havia humor por aqui. As cabeças estavam baixas. Cheias. Pensantes. Um pesar doloroso nos esvaziava. Todo o meu bom humor tinha ficado para trás. Estava ali diante de mais um fato degradante para a humanidade. Mais machistas disfarçados, inclusive fogo amigo, “não é não, amiga?”. Eu precisava me recuperar, precisava encontrar essa leveza. Minha natureza nunca foi assim, sabe? Chumbada ao chão, buscando conforto... Não é confortável ter opinião, própria, rir de si e da vida ou estou enganada?

Estou ora a esfregar os olhos, ora a esfregar a cabeça e me emaranhar nos meus próprios cabelos só para sentir algo, entende? Agora estou sozinha aqui. Todos foram embora. Com dor de cabeça e no estômago e fico temporariamente de mau humor, mas já era para ter passado. Era para ser passado. Você aí conhece algum médico? Oi? Psicológico?! Eu se. Sou louca mesmo. Não, não estou dizendo isso. Quem buscar terapia não é necessariamente louco, só teme ficar...

Eu não temo nada. Está bem... O coração dispara, tropeça quase pára... Não! Iorc não muda meu humor. Mas, talvez eu ame te ver... Pode vir? Venha me ver... Como assim indecisa?! Tem certeza? Eu não sou sim, sim, não, não...? Eu só falo? Hummm sei. Será? Ok. Eu amenizo as coisas. Eles não foram embora. FORAM LEVADOS! Não estou gritando, não. Impressão sua. Está bem. Eu conto. Tudo começou há alguns dias. Viemos todos pelo dinheiro extra. Nesta altura do mês ninguém tem nada faz tempo...

Quando chegamos para o experimento de humor. Eles disseram... Não? Estava implícito, então... Não também?! Pode parar de me interromper?!! Só disseram que acabariam com nossos problemas sentimentais. Eu só lembro da falta de qualquer tipo de sentimento, principalmente do bom humor... Éramos muitos. Cada vez que um perdia o bom humor era retirado daqui. Ficávamos no escuro de novo e depois começava tudo de novo... Disseram que tiraram de um programa humorístico... Oi? O nome do experimento? Acho que era Brasil, agora não sei mais. Estão tentando mudar o nome para a gente esquecer... Esquecer de novo!

terça-feira, agosto 22, 2017

concentrados na dor




há uma ruptura no tempo em uma mistura da censura de duas texturas
bipolaridade inexistente só latente pelo desconhecimento de tantas outras alturas
outros tantos pólos em nós pessoas tolas sós em pensamentos paranóicos
quanto humor é necessário na medida do ordinário histórico modo de não sorrirmos?

estamos tensos destinados a digestão da jiboia enrolada em nós
embrutecidos pela divisão da competição nem sequer florimos
a gente boia na água morta pela nossa poluição no modo algoz

nossa triste voz desconhece o humor acabando nos deixando sem saber para onde irmos
transformando a velhice em doença manipulada na mesmice dos prós

chatice de acabarmos crianças já avós rígidos concentrados na dor sem qualquer bom humor.


+ Rafael Belo, às 11h06, terça-feira, 22 de agosto de 2017+

segunda-feira, agosto 21, 2017

Droga legal




Por Rafael Belo

Ficar de cara fechada, amarrada (a famosa cara-de-bunda) sentar, deitar, dormir, fingir de morto... Opa! Espera! Não! Isto é para animais adestrados. Não, não, não! Não estou dizendo isso sobre ninguém (ou estou?) até porque estou escrevendo... Mas, é isto aí o objetivo. Este sorriso desavisado no rosto movimentando os lábios e as bochechas com até 53 músculos (já li 73) além de ser universal é reconhecido a até 300 metros de distância. Também é contagioso, libera endorfina e serotonina (então, é aceito dizer que é uma droga legal) e, portanto, alivia o stress. Digam todos amém, não? Bem-aventurados os bem-humorados liberando o mundo de pequenos infartos.

Quantos corações não seriam salvos se sorríssemos, ríssemos, gargalhássemos, ao invés de nos fechar, enraivecer, entristecer, desesperar, alimentar dores, aumentar o número de mundos nas costas e nos curvar diante da realidade? Talvez todos. Você não gostaria de ganhar um sorriso hoje? Neste momento? Até um forçado é válido. Há um pequeno palhaço profissional dentro de nós querendo encher de luz, pelos menos, aos arredores. Tenho aqui com meus eus uma verdade: quem vive mesmo tem bom-humor. A diversão está em todo lugar e rir de si mesmo é a qualidade mais salvadora e inusitada do humano.

Mas, “gostamos” de pensar em desculpas clichês quando achamos ter dado errado. Olhando com a ótica do humor não há desculpas nem errado, é um caminho e – falando de clichê mesmo – “um dia você vai rir de tudo isso”. É uma profecia exata ou seria uma ciência exata? Pode não ser uma gargalhada incontrolável daquelas de olhar para a cara do outro, lembrar de algo nada a ver tendo o famoso ataque de riso e ter dores abdominais nunca antes sentidas, mas um sorriso se estendendo até o olhar nostálgico vai aparecer, ah vai. Mesmo havendo tragédias, fatalidades, da mesma forma de um novo dia, mas não fique preocupado porque isso utiliza muito mais músculos e acaba sendo bem mais difícil que a alegria.

Pense comigo. Toda turma tem alguém bem-humorado. Lembrou né? E, claro, sorriu. Todo grupo deveria ter aquele famoso sarrista (de tirar sarro, por favor rs), piadista, engraçadinho, ele é a alma da galera. Ele exagera? Às vezes? Apela? De vez em quando. Força a barra? Provavelmente. Mas, quem não acaba rindo e o deixando inesquecível nas histórias do futuro? É essencial ter alguém ajudando a vida ser mais leve, a nos elevar. Isso. Elevar. É fácil sorrir para a vida quando é um sorriso de volta. Concorda?  Agora rir dos “problemas”, dos “erros”, das “quedas”, das aspas, dos motivos, dos desmotivos, rir de tudo vai... É muito mais gostoso.


Ficamos tão fortalecidos apenas sorrindo. Não percebeu? Comece tentando contar uma piada, mesmo sem graça... Vai não ria antes... Aposto ter se lembrando de muitas, inclusive infames. Viu só? Nosso sistema imunológico deixa de ser estagiário no exato momento da decisão pelo bom-humor para dono do mundo, administrador da felicidade... É a melhor energia vibrando sob a pele, viajando em arrepios por todo o corpo e contagiando. Vamos ser contágio! Todo mundo quer a felicidade, certo? Então, ela começa neste sorriso, sinal de bom-humor até quando não tem wi-fi e os dados acabaram. 

sexta-feira, agosto 18, 2017

Olha só o Amor! (miniconto)






por Rafael Belo

Aguente firme! Aguente firme! Você não está sozinha!” Há controvérsias. Agora estou. Buscando não estar mais, mas estou! Estou aqui na fronteira. Falaram tantos absurdos pra mim e... Não! Não vou fazer comparação de gênero! Sou mulher e sou mais eu sim. O Amor me transformou por completo. Você não vão acreditar, mas é verdade. Só de falar meus olhos lacrimejam de tanta emoção provocada por este Estado de Graça. Eu me Amo tanto e estendi este Amor para ele, meu ser amado. Não direi o nome. Todos sabem quem é, mas sou eu o conheço...

Estávamos bem sozinhos, melhoramos juntos. Mas, a vida nos dá escolhas e oportunidades. Ele pode abrir o negócio dos sonhos dele, da vida dele, todo o sonhado desde garoto e, claro, eu disse vá e ele iria. Nós tínhamos o Amor conosco o alimentando fartamente todos os dias. Ele foi. Eu fiquei. Mas, a tecnologia nos permitia se ver todo dia. Fez um ano ontem. Não estava aberta a me interessar por ninguém. Não estava disposta. Não estava disponível. Sei ser verdade por parte dele também. Eu estava bem no Brasil ultrapassando minha própria fronteira. Só hoje já passei duas. Durante a semana... Nem sei mais.

Ele está logo ali na frente. Meu corpo todo treme, exulta... ALIMENTEI-ME do meu Amor, do nosso Amor... Este tempo todo. Fortaleci. Mentira? Claro que não. Amor assim maíusculo só fortalece a gente. Não dói. Não pesa. Não prende. Não limita. Só cresce. É simples o tamanho incalculável em nós. Sabe? É como uma porta secreta disposta na luz diante de todos sem ninguém ver de verdade. De repente você descobre ter a chavezinha daquela portinha. Precisa só arrumar uma malinha, deixar o passado onde está, despir a roupa e a própria pele ralada no coração mal usado, aliás, bem usado, mal utilizado...

No chão, encaixei bem a chavezinha e me arrastei até o outro lado. Estava...  Nua de tudo. Transcendi de uma forma impossível de narrar... Senti este divino em nos abraçando o humano, se entrelaçando nele e tudo era eu. Eu era tudo. Choro sorrindo só de lembrar ser aquilo o começo desta incondição... Gente, isto é plenitude, completude... Ser ABSOLUTA! Sou tão eu mesma. Tão única. Tão individual... Vesti minha alma pulsante deste meu coração transbordando pelo universo e vim. Aqui estou. Ele está ali. Sinto estar passando as mesmas coisas na mente dele e nunca me senti tão passarinha, tão voadora, tão LIVRE. Olha só aquele sorriso espelhado...  

quinta-feira, agosto 17, 2017

Oração insubordinada do Amor




com meus inteiros à vontade por aí passeio pela pele eriçada inundada de tanto Amor
transbordo das plantas dos pés flores inesmagáveis com toda a nudez necessária naufragada do coração flutuante flameador
não há dor neste desafio declamado diário inapagável chamando chamas contrastadas de iguais
somos tão plurais a somar vogais universais em meios as interjeições suspiradas não havendo nada impossível de realizar

se Amo todo dia a energia propagada aquece a fogueira do olhar
te Amo em sintonia à alforria desvirginada que evanesce cantadeira alma do desjurar
vê Amô a Beleza está em todo lugar balançando bandeiras benquistas do nosso cotidiano conquistar

sopra todo o ar na lareira da boca que a braseira vai se espalhar levando as sobras de roupa queimando apenas aquele mormaço interno onde a gente esquece de capturar as borboletas estomacais nascidas todos os pássaros cantando sob nossa pele

acontece o Amor e eu me mudo para o universo na oração insubordinada do meu avesso verso de se entregar ao não pertencer.


+ às 09h19, Rafael Belo, quinta-feira, 17 de agosto de 2017+

quarta-feira, agosto 16, 2017

Assistam no Youtube (miniconto)




Por Rafael Belo

Ela sabia o porvir bem ali. Arrepiava. Sabia, não faltava nada para acontecer. Ela seria mais ele a Tu, oh Amor! Assim não seria ela. Não seria nada de novo. Uma anulação. Mais uma no meio do povo. Desgastando sentimentos tão profundos e este Estado de Graça, que és Amor. Mas, não. Tu não desgastas. Infelizmente, minhas estatísticas de olhômetro comprovam: 90% do mundo nem próximo de ti passa. Tornando banal cada palavra ligada à afeição. Falada, falada, falada até perder o sentido e os sentidos perder. Por consquistas baratas cheias de filosofias machistas de mosca de bar.

Até ele morrer – morrer pra mim, por favor, gente – eu achava saber algo e não sabia nada como até hoje nada sei. Ei! Pode parar de me interromper?! Por favor? O que? Como é? Pode repetir? Voces só queriam me ver, não é?! A louca por amor... Não façam isso! Merda! Por...! Tive que correr mais uma vez humilhada. Multidão enfurecida... A maioria mulheres com certeza como eu...! Caramba! Que saco, viu! Até quando isso!? Hatters malditos! MALDITOS! Onde está o Amor? Diz-me Renato, por favor? A gente não pode errar, não? Só se vive uma vez repetindo neste looping infernal inapágavel da internet?

Chuva? Estou na chuva e vou me encharcar! É eu sou de frases feitas sim e daí? Falo sozinha na rua sim e daí? Podem filmar?!! Não, não! Eu vou processar todos vocês! Não preciso de mais um vídeo! Sou sim uma porcaria de subcelebridade youtuber e vocês queriam estar aqui. Não mudo. Não mudo e não mudo! Mudanças me assustam e vocês sabem disso. Então, Russo, o Renato, vem a minha cabeça e só penso: “então, me abraça forte e me diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo...” Só eu e você cheirando com um espírito adolescente bem Nirvana... Vamos lá: “With the lights out, it's less dangerous, Here we are now, entertain us,  I feel stupid and contagious, Here we are now, entertain us, A mulatto, an Albino, A mosquito, my libido, yeah

Eu me sinto idiota Heeey, yay... O amor é isso, certo?!. Idiota como todos nós ou somos nós os responsáveis por esvaziar algo capaz de nos tornar melhor o transformando em crimes passionais, em prisões mentais, em dilacerações coronários ou do coração mesmo? Meu! Nem na chuva vocês me deixam! Não! Não me deixem! Ei! Ei! Não gritem assim comigo. Não corram atrás de mim eu só gosto de fingir dramaticidade! Jogar este embuste de nunca fui amada e tal, sabe? Mas, vocês já foram? Amados? Olha isso gente! Estão vendo? As pessoas me amam! Isso não muda tudo? Veja quantos likes? Eu estou amando muito neste momento, vocês não? Olha meu vídeo também viralizou! Amei! AMEI! AMEI! A-M-E-E-I!! A...M... EI! O que vocês estão...


Sem um motivo, como o Amor ao avesso também conhecido como desamor, A multidão avançou sobre ela e... Bem, assistam no Youtube...

terça-feira, agosto 15, 2017

nunca foi



foi conjugado sob pena de não rimar o amor diminuído
servido em um self service à quilo
cheio de juros e correções pesados por bocas vorazes corações partidos
divididos em desacreditados e sofridos
todos envolvidos no crime de matar o libertar

decepcionados amargurados por encontradas desilusões continuam confundindo paixões fulminantes matando em instantes toda uma idealização
cobra-se presença aparência inteligência mesmo na deficiência da contínua possessão
mais uma sessão de exorcismo físico mal sucedida está lá estendida mais uma perdida ilusão

não se muda quem se ama se não quer deixar mudo e paralítico de tudo o suposto amado
é amargo o ditado talhado a sangue bruto ferro enferrujado na ditadura do solitário acompanhado atura qualquer altura quem é amante de si primeiro

só é Feliz por inteiro quem sabe que nunca foi metade


+Rafael Belo, às 19h28, segunda-feira, 14 de agosto de 2017+

segunda-feira, agosto 14, 2017

Mudar por Amor



por Rafael Belo


Quantas vezes você já ouviu dizer mude por amor? Você já o fez? Eu acredito na mudança das pessoas e não venha me dizer: o amor dói, o amor causa dor... Desacredito. Digo não ser amor. Você vai me ouvir dizendo e, com certeza, ler que o Amor só transforma se for verbo conjugado como algo além do sentimento. Maiúsculo assim mesmo. Assim como o respeito próprio e respeitar o próximo porque o Amor é o caminho capaz de mudar o mundo. Quando se faz pelo Amor, não por uma pessoa... Por uma pessoa, acaba caindo no ideal e o ideal é não idealizar porque o Amor liberta e não toma posse de nada.

Aí sim pode se fazer olhos sonhadores e dizer, registrar: O Amor transforma. Ele está em nós. É o nosso divino elevando o humano. Sem o humano as sensações da pele, da boca de cada toque não têm a visão da perfeição no imperfeito. Somos sujeitos só conjugados no tempo verbal correto do universo quando descobrimos termos tudo dentro de nós, por isso, a dor é necessária, mas nada tem a ver com Amor. Tem a ver com a necessidade de crescimento e precisamos conhecer todas as nossas facetas do contrário é o mesmo que fazer sempre a mesma coisa esperando um resultado diferente.

Culpar o outro ou se culpar... Culpas não ajudam ninguém e – olha que surpresa – não fazem parte do Amor. Não há motivo para Amar. A motivação é não ter razão. Amor é um Estado de graça. Tudo passa e o filtro do olhar só colhe coisas boas, mas não é tolo nem idiota, é sábio. É incondicional sim. Não me venha com regras, termos e desejos de orientação de como deve ser... Se houvesse uma regra seria: a motivação da mudança vem do Amor próprio. Utilizar de qualquer outro subterfúgio, outra motivação, expõe até uma insegurança perturbadora criando padrões querendo evitar o sofrimento nos deixando frágeis demais.


Sofrer por amor é uma grande mentira. Desculpe-me se acredita ser este o motivo de tanta sofrência musical por aí e seu, claro. Mas, eu entendo que existe dor e, como consequência da insistência nela, o sofrimento porque damos o poder ao outro de nos possuir. Possessão é o avesso do Amor. O Amor é puro exorcismo... Por isso, digo, escrevo, de novo: se não soma e liberta não é Amor. O Amor nos fortalece, nos torna melhor e mantém nossa individualidade. Não há qualquer tipo de anulação ou cobrança. É uma esperança constante e um caminhar inabalável tirando todo o medo da alma e do coração nos tornando cada vez mais nós mesmos.

sexta-feira, agosto 11, 2017

Estou descendo (miniconto)




por Rafael Belo

Eu nasci independente. Dizem que logo que o parto aconteceu eu tentei tirar as mãos do médico de mim e quando me aconchegaram no colo da minha mãe eu segurei com as duas mãos o seio dela só para ninguém mais encostar em mim. Bom. Não sou mais uma menininha tola para não entender de exageros... Minha mãe me deu um celular que não tem nada, só serve para ligação. Vai entender... Diz ela: “preciso saber onde você está, menina atrevida”. Eu penso que ela fala igualzinho minha avó... “Você só tem dez anos, mas parece 16”, ela repete. Todos dizem isso... Queriam que eu fosse modelo pela altura e beleza, claro... Eu só digo: “Eu não, mãe. Estou bem. Não quero ficar velha...”.

Pensa. Eu não sou besta, não. Minha infância está muito bem, obrigada. Inteligente demais? Não sei o significado disso? Alguma associação? Não? Deixa-me correr. As meninas estão me esperando. Oie. Gente. Demorei nada... Não quero ficar presa neste troço aí. Rolê? Tô de boa. Vocês podiam olhar para mim. Cara! Prestenção! Ô menininhas da por..!! Vou embora! Ah, agora vocês me escutam?! Dá pra gente parar de se comportar como adolescentes? Não, nãonãonãonãonão! Pára! A gente é... Não vou usar palavra com C que termina com ÇA. Não me sinto assim mais, mas quero aproveitar este restinho de infância.

Vamos? Vamos jurar não ficarmos esnobes e oi? Esnobe? É não cumprimentar ninguém, nem falar com as outras meninas... Ah, que nem as meninas mais velhas nos tratam... Já viram aquele filme onde as meninas fazer um pacto e tal... Não lembro o nome... Isso! Esse aí! Vamos ao parquinho? Quero soltar pipa também... Ah, meninas! Por mim, vai!? Aeeeee! Viu viu viu! Eu disse que a gente ia se divertir, não disse!? Vamos lá. Tem gangorras para todas nós! Não vamos pagar mico! Oooo! Só tem a gente aqui... Vamos na piscina de bolinhas? Isso! Pelo escorregador aí a gente...


Empolgada demais? Eu! Tô nada! Tô NA-DA!. Não, não! Ninguém é igual a ninguém. Ah, quer saber? Vocês estão muuuuuiitooo chatas!! Tchauuuu! Parem de vir atrás de mim! Não vou parar de correr! Eu disse tchaaaaauu! Que droga!! Não vou chorar, não! Parem com isso! Como eu subi aqui? Quero ficar sozinha!! Não vão deixar?! AimeuDeus! Só me deixem!! Vocês vão cair da árvore! Não pareço menino, não! Humm! Eu não vou cantar essa música horrível... Não! Não é minha favorita! Não canteemmm, por favorr!! Ah, não! Com a dancinha nãooo!! Ei! Por que vocÊs sentaram neste banco esquisito?! O que vocês estão fofocando aí?! Só me contemmm!! Vocês disseram “brincar”. Eu ouvi di-re-i-to? Brincar! Eeee! VIVA! Estou descendo...

quinta-feira, agosto 10, 2017

misturança




vento varre vitorioso chamando lá fora a memória
as luzes dos olhos se acendem vendo um balão mágico
conectado com o trem da alegria sem pagar passagem
ri a mensagem não dita escrita no embaçar da janela do olhar

superfantástica infância chamando para girar sem parar
dando o ar da imaginação voando até outra dimensão divertidamente
presente no plunct plact zuum indo em toda viagem brincar

além do arco-íris escalar o horizonte para pintar de chocolate o criar
vendo de ponta cabeça nuvens beijadas feitas  doce algodão do suspirar

é chata esta terra desencantar a roda gigante parar distante o carrossel deixe a infância despertar o agora eu era qualquer querer do papel vamos correr para a Terra do Nunca voltar e acabar com todo caminho cruel.


+ às 09h54, Rafael Belo, quinta-feira, 10 de agosto de 2017 +

quarta-feira, agosto 09, 2017

Nem percebeu (miniconto)





por Rafael Belo

O carro parou. No mesmo lugar. Minha mãnhê tirou o celular da minha mão e disse o que dizia todo dia: “acabou a brincadeira. Devolve o celular pra mamãe.” Era a primeira vez que o meu plano funcionava. Desde que deixei de ser infantil. Agora com nove anos eu queria minha mãe mais tempo comigo. Entendia melhor as coisas. Não iria chorar mais toda noite para ela ficar mais tempo comigo. Não adiantava. Ela só ficava mais triste e eu também. Hoje ela iria ficar mais tempo comigo, mas ela não saia do celular. Ela não ficava dizendo para eu não ficar o tempo todo nele? “Florzinha já deu. Chega de celular por hoje. Não combinamos?” Eu sempre pensava: “não”.  

Eu sempre passava mais tempo no celular dela do que com ela. Não queria aquela porcaria. Queria minha mãnhê. Mas, ela não tinha tempo e quando tinha estava trabalhando também. Trabalhando naquela porcaria de celular. Eu não posso nem falar nenhuma palavra feia, mas ela não para de dizer... Ela brigou com as mães das minhas amiguinhas, brigou com minhas tias e se não me deixava correr com elas... Ei! Que som é esse? Aaaaa. Olha só! Nunca viemos por este lugar. Ah, é! Estamos indo ao médico. Preferia ficar em casa com minha manhê. Mas, olha lá. Ela nem me olha...

Quando a gente foi pra praia... Foi tão, tão legal... Mas, eu brincava sozinha. Minha mãe ficava tirando fotos... Ela desconfiava de todo mundo, mas pelo menos dormia comigo todos os dias. A gente podia fazer isso mais vezes... Não é, não?! Meu cachorrinho ficou lá na vovó e eu não tenho mais amiguinhos. A gente mudou e eu chorei tanto, mas tanto, tanto, tanto... Não teve jeito. Fiquei sem minha vovó e sem meu amiguinho! Hum!! O Auzinho eu levava pra dormir comigo mesmo ela dizendo que não ia deixar mais eu mexer no celular se eu levasse ele pro quarto. Era proibido dormir porque tinha um monte de doenças, mas não me explicou nada. Até parece que o Auzinho tinha alguma coisa...

Olha aquelas meninas têm a minha altura. Estão correndo só-zin-has, só-zin-has, só-zin-haaaas... Vou lá rapidinho. Mãnhê, mãnhê, mãnhê, mãnhêmãnhêmãnhê eu já volto tá? Não vem carro... Vou correndo... Vou ficar virada pro carro pra não perder e... Ei! Espera eu! Oi? Nãooooo! Hummmmmm.... “O que houve menininha? Por que você está chorando? Heim? Conta pra titia? Conta.” Você não é minha tia? Eu não sou menininha, não!! Sou mocinha já, viu!! Quem é você? Quero minha mãnhê!!! Sai! Me larga! Me larga! Me larga! “Ei!! Florzinha?” Tia Porteira!! Salva eu! Liga pra mãnhê, liga? Ela me esqueceu de novo... Tiaaa? Você conhece aquelas meninas?

terça-feira, agosto 08, 2017

apgando




aquela pequena idade ficava em casa travada nas telas
dedicada a infinitas janelas esquecida nos velozes dedos
nenhum anseio do desconhecido de pegar brinquedos
seu segredo saia de trocas entre o que queria e as birras

manhas mastigadas todo dia filhos do tempo e das iras
perdidas em responsabilidades cedia a tardia idade
séria inocência egoísta seria esquecida sem nem se lembrar

na ânsia de educar deseducou desamou etapas queimou
infância colorida perdeu a cor não havia ruas nem desenhos pulou

não era amarelinha era toda uma linha do tempo agora inexistente acabou.


+Às 09h52, Rafael Belo, terça-feira, 08 de agosto de 2017+

segunda-feira, agosto 07, 2017

Onde está a infância?



por Rafael Belo

A infância acaba. É óbvio dizê-lo e até piegas, mas parece um fim definitivo. Hoje a infância é cheia de regras, cuidados excessivos, medos extremos, distrações com desenhos, animações, joguinhos e smartphones. Parece mais uma etapa de preparação apenas. Na idade para o lúdico, para se machucar, correr, brincar, experimentar já se é preparado para o “futuro promissor”. Adultos precoces sexualizados e tal. Claro. Sempre existiu, mas a inocência não permitia ver desta forma escancarada. A repetição e imitação seguem da mesma forma e não há como proteger contra o mundo. Ele vem e arromba a porta, mas é preciso proteger o direito à imaginação. Infância é liberdade, é sinceridade, formação de identidade e carregamos para a vida toda.

Há exceções existentes para confirmar as regras e os filhos do tempo. Estes são de pais abandonados pelos legisladores da Constituição se virando como podem para dar educação aos filhos... Há também aqueles só acumulando filhos por outros motivos. O fato é: os pais não têm mais tempo e trabalham tanto a ponto de quando podem querem descansar. Sim. De novo. Há exceções. Todos temos histórias de infância, amizades carregadas para sempre, da imensidão do mundo... Tão pequeno desde a inserção digital. Eu gostava de games, de quadrinhos, de livros, mas gostava de correr por aí, subir em árvores...

Lá vem a nostalgia diriam, porém não. É apenas um fato pessoal. Não tenho saudades e não me entendam mal. Minha infância foi maravilhosa. Uni o tecnológico com ao analógico e testava meus limites sempre. Tinha liberdade e nenhuma obrigação. Minhas festinhas de aniversário eram cheias de parentes e amiguinhos. Dançávamos A Turma do Chaves, Trem da Alegria, Balão Mágico, Xuxa... Pronto já sabem minha idade. Chega de rir disso. Tinha minhas namoradinhas... Mas, era livre para ler, ir às casas dos amigos, dos primos e brincar com todos os jogos lúdicos feitos nas ruas... Não tinha preguiça para brincar. Tudo era motivo para “era uma vez”, “sua vez”, “te peguei” e “agora eu era”...


Quem somos hoje tem base aí na nossa infância. São os exemplos, a explicação dos porquês os verdadeiros formadores, e qual é o programa infantil de canal aberto hoje? Sem a presença dos pais ou de alguém capaz de educar restam os aplicativos de celular, a internet, a televisão... Qual incentivo tem nossa infância? Qual a motivação nas creches, nas escolas? Minha infância tem sabor de aprendizagem, de amizade, de deslumbramento, de quedas de árvores, de carinho e amor. Tive sorte, sei disso. Trago minha infância comigo. Olhos e ouvidos atentos e curiosos absorvendo tudo. Ainda sou muita parte infância, esponja do mundo por onde me educo e a educação está tanto nas ruas, nas escolas quanto em casa. Ela está em todo lugar porque somos este mar avançando sobre as pedras e as lapidamos para no nosso amanhã podemos relembrar e sorrir.