terça-feira, agosto 29, 2017

mulher de jornal





nós somos muitas somos todas magras gordas mártires mortais
sem segurança no Cisne Negro que nos dança totais
na esperança de no mínimo sermos tratadas por iguais
expostas nos jornais diários  em manchetes sensacionais

forçadas à estética atadas a amnésia de tantos danos sociais
musas celestiais no papel destratadas todo dia como troféu
dilaceradas estupradas condenadas desmotivadas julgadas em bordel

ainda pensam ser exagero drama necessidade de fama vontade de cama
quando a violência nem chama manda nos apagar a gente clama pelo nosso lugar

ah quanta luta de hora em hora para chegar viva ao próprio lar enquanto há gentes que delíra pira uma pira para nos queimar
neste valor banal da vida somos desfavorecidas causas feridas esquecidas damas do cavalgar

quem nos ama de verdade somos nós mortas de ansiedade pelo passional neste cotidiano desigual - mulher de jornal não é jornalista é notícia fatal


+às 11h11, Rafael Belo, terça-feira, 29 de agosto de 2017+

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