por Rafael
Belo
Ninguém conseguia
falar nada. Ou era a comprovação visual e audível de um milagre ou só as mídias
digitais sabiam quais eram as opiniões. Quais seriam as novas velhas divisões a
se formarem de um novo Marco Zero nem se formulou como pergunta. Não havia
inquietação nem burburinho. Só o silêncio. Nenhum questionamento surgiu. A polícia
não a prendeu por atentado ao pudor. Sei ser incrível, mas ninguém se
horrorizou acredite. Este foi o dia profetizado por Raul Seixas, mas ninguém
tocou Raul. Só a Terra parou mesmo.
Foi neste dia. O dia em a que a Terra parou. Só eu lembro até
agora... Acordei com o ímpeto de acabar com toda essa palhaçada e sei lá... Só
comecei a juntar roupas, peças íntimas, calçados e carreguei aos poucos até a
praça central. Não sabia ser possível ter tantas roupas e insistir não ter...
Nova nunca tem. Repetida sempre... O dia começou a silenciar. Era uma
sexta-feira. Outras pessoas simplesmente começaram a me imitar... a pilha
cresceu... Parecia com nossa expressão para os poderes: uma trouxa imensa...
Nem fui eu a responsável pelo álcool. Juro! Procure... Deixa
quieto. Não vai achar. Esqueça. Só pode acreditar em mim ou não. Enfim, o rolê
ficou mais tenso sem tensão nenhuma porque o fogo também não fui eu quem
iniciei. Sou responsável apenas por começar a levar roupas e de subitamente me
despir com tanta naturalidade a ponto de todos fazerem o mesmo. Procurei não me
assustar com esta força tamanha... Este movimento nudista sem razão. Nudista da
emoção? Bem, tudo realmente estava parado quando a multidão se aproximou
daquilo a representando: uma imensa trouxa.
Será impossível... Aliás, seria impossível dizer quem jogou o
isqueiro aceso... Mas, naquele momento parecíamos estar no meio de uma
escuridão densa e, metamorfoseados em insetos, corrêssemos em direção a uma
lâmpada. O calor começou a chamuscar pelos e peles. Aquele odor de humano
queimado aliado ao suor fez as pessoas se afastarem, porém só até um ponto onde
o calor não as abrasava. Todos nus sem perceber. Então, houve um clarão e um
temporal começou. A tempestade não parou até agora.
Um comentário:
Assunto que já deu pano pra manga....gente que se diz magistrada... escancarar falas imbecilóides.. Logo passa. Tudo sempre passa só não a arte. Cinthia
Postar um comentário