segunda-feira, outubro 09, 2017

Daqui para frente




por Rafael Belo


Eu vivo me lembrando de Toni Garrido e daquela música da Cidade Negra que diz “você não sabe o quanto caminhei pra chegar até aqui"... Sei que continua aí na sua mente se já a ouviu. Minha lembrança é simplesmente pela necessidade vital das pessoas de contarem o quanto é difícil ser elas, tudo que passaram para chegar até onde chegaram e desta forma exaltam as próprias mazelas, dificuldades e etecétera. Comparam com fulano e ciclano e beltrano, falam da máquina, da sorte e esquecem-se do principal: que chegaram até aqui.

Chegaram e, portanto, tem uma nova oportunidade para não repetir e acabar exaltando as mazelas... A dor, o sofrimento, as marcas, as angústias, os “fracassos” se tornam mais importantes a vitória em si, a conquista adquirida e como está tua vida? Todo mundo passa por coisas ruins. Não é exclusividade de ninguém um coração partido várias vezes, decepções, desilusões, dívidas, mortes, tristezas, erros... São degraus de uma escada que enquanto não aprendermos a subir – e descer - ficaremos parados e passando novamente pelo caminho das pedras.

É um reviver constante do que foi. Há uma espera de compaixão, reconhecimento, curtidas, pedido de ajuda, mimimis, holofotes? Não sei. Qualquer coisa dita é especulação. Cada um tem sua motivação e se a exposição lhe cai bem... Ou se a intenção é uma Indireta direta de direita para nocautear no momento desabafo e dizer exatamente “você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui”... Esta música, “A Estrada”, fala de esforço, de amor, de companheirismo, de fé, de sacrifício, de solução e de mudança sem nenhum lamento.


Então, fico pensando como você age se algo te incomoda... Você é um ditado popular? É uma interpretação? Vamos juntar os dois. Há diversos tipos de ditados populares, falas motivacionais e coisas parecidas apontando a necessidade de não esquecermos nossas origens, mas não entendo isso de forma literal. Vejo mais como um existencialismo. Viemos ao mundo sem nada não importa em qual família nem lugar. Há humildade neste nascer, neste aprendizado constante e curiosidade necessária para não ficarmos acomodados, reclamando, falando mal e julgando até alguém nos ouvir. A gente quer ter razão, mas é só emoção e um monte de desculpas que temos. Vamos seguir nossa própria estrada, de preferência, a construindo daqui para frente.

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