por Rafael Belo
Eu vivo me lembrando de Toni Garrido e daquela música da
Cidade Negra que diz “você não sabe o quanto caminhei pra chegar até
aqui"... Sei que continua aí na sua mente se já a ouviu. Minha lembrança é
simplesmente pela necessidade vital das pessoas de contarem o quanto é difícil
ser elas, tudo que passaram para chegar até onde chegaram e desta forma exaltam
as próprias mazelas, dificuldades e etecétera. Comparam com fulano e ciclano e
beltrano, falam da máquina, da sorte e esquecem-se do principal: que chegaram
até aqui.
Chegaram e, portanto, tem uma nova oportunidade para não
repetir e acabar exaltando as mazelas... A dor, o sofrimento, as marcas, as
angústias, os “fracassos” se tornam mais importantes a vitória em si, a conquista
adquirida e como está tua vida? Todo mundo passa por coisas ruins. Não é
exclusividade de ninguém um coração partido várias vezes, decepções,
desilusões, dívidas, mortes, tristezas, erros... São degraus de uma escada que
enquanto não aprendermos a subir – e descer - ficaremos parados e passando
novamente pelo caminho das pedras.
É um reviver constante do que foi. Há
uma espera de compaixão, reconhecimento, curtidas, pedido de ajuda, mimimis, holofotes?
Não sei. Qualquer coisa dita é especulação. Cada um tem sua motivação e se a
exposição lhe cai bem... Ou se a intenção é uma Indireta direta de direita para
nocautear no momento desabafo e dizer exatamente “você não sabe o quanto eu
caminhei pra chegar até aqui”... Esta música, “A Estrada”, fala de esforço, de
amor, de companheirismo, de fé, de sacrifício, de solução e de mudança sem
nenhum lamento.
Então, fico pensando como você age se
algo te incomoda... Você é um ditado popular? É uma interpretação? Vamos juntar
os dois. Há diversos tipos de ditados populares, falas motivacionais e coisas
parecidas apontando a necessidade de não esquecermos nossas origens, mas não
entendo isso de forma literal. Vejo mais como um existencialismo. Viemos ao
mundo sem nada não importa em qual família nem lugar. Há humildade neste
nascer, neste aprendizado constante e curiosidade necessária para não ficarmos
acomodados, reclamando, falando mal e julgando até alguém nos ouvir. A gente
quer ter razão, mas é só emoção e um monte de desculpas que temos. Vamos seguir
nossa própria estrada, de preferência, a construindo daqui para frente.
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