Por Rafael Belo
Era ensurdecedor onde Dorapan
estava. Não se entendia nada do som. Não era possível distinguir nada do
barulho enlouquecedor vindo das ruas, então, tanto fazia se havia vocal, guita,
baixo, teclado, batera, pessoas a espremendo ao redor... Ela continuaria
fingindo conversar, disfarçando prestar atenção enquanto tentava manter o
sorriso, queria a anestesia social todo dia depois do trabalho escravo, vivia
da interação superficial do esquecimento no amanhã. Não queria pensar. Iria beber
até cair e esquecer como chegou à própria cama.
Parece... Parece tudo estar indo mais lento. O que está acontecendo? Esta
anarquia dissonante fez sentido. Espera. Preciso parar. Estou percebendo... O sentido
está claro e latente, mas não é o pior... Quase ninguém quer ver além do
entretenimento... Estão se desfazendo em uma massa de desentendimentos, mas o
corpo continua embalando a alma, ninando a mente adormecendo a evolução
humana... Mas, por que estou filosofando na balada?
O pior era sempre estar ali a crítica, o sentimento... Sempre fez sentido.
Mas... Mas... Ninguém escuta nada e muitas pessoas se comportam como taradas
assexuadas tentando beijar na boca, na minha boca... Quero me divertir não me
preocupar com outra pessoa. Também quero parar de pensar. Onde aperta o botão
de desligar pensamentos? Não quero
ouvir, não quero pensar... Droga! Eu fingia simplesmente não haver nada para
refletir!
Esta é minha pílula de Lewis Carroll. Eu sou Alice...! Ou... Ou eu sou
Neo na minha própria Matrix? Melhor, sou Case de William Gibson em Neuromancer.
Sou uma mistura distópica de fantasia, atualidade, premonição e ficção
científica. Somos condutores e pedaços de plásticos ao mesmo tempo esperando
sermos enganados para viver em uma utopia disfarçada de realidade global porque,
juntando os canais, há mais partes daquilo não dito... Todos aqui também
tiveram asas? Alados... Finados fadados diariamente na maior negação em apenas
existir. Vou ficar na bobeira de só me misturar.
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