por
Rafael Belo
Ruas
vazias assombravam o coração cansado dela. Mas, a mente também estava em uma
irritação que o machismo logo diria ser TPM... Não desconfiavam que o motivo do
cansaço dela fosse justamente o machismo impregnado, principalmente, naqueles a
se dizerem contrários. Naquele dia, Hariam já tinha distribuído tapas nas caras
dos abusados e obrigada a ser grossa diante das grosserias... Não! Ela não
queria se acostumar e não iria. Ela saia para se divertir, não estava
procurando peças faltando porque não faltavam peças.
Coleciono desilusões, mas minhas
esperanças incrivelmente, contrariadamente, se fortalecem porque não sou
iludida. Não mais... Sei a quantidade de ilusões vivida pelos casais com medo
de não encontrarem alguém, de não estarem sós nem por um segundo... Até há
pouco eu pulava de um relacionamento para outro sem me conhecer mais. Acorrentava-me
em um vicioso ciclo de carência, me anulava por migalhas vivendo vazia, vagando
dentro de mim sem nenhum trilho porque tudo foi levado na calada da noite,
enquanto eu dormia.
Tinha medo sim de ficar sozinha. Doía
só de pensar, mas sempre tive amigos, família, todo o apoio e incentivo que
meus relacionamentos “inexplicavelmente” não traziam nunca me davam... Eu me
sentia um animal magro pastando sempre o mesmo pasto e em grupo só por comodismo,
não havia conversa, não de verdade, era só uma busca por conforto, por
reconhecimento, afinal, era um grupo de casais, mas acaba uma terapia do
silêncio incômodo na velha ditadura do quintal do vizinho ser mais verde...
Quantos absurdos minha mente pensava...
Não sou nada frágil. A fragilidade
habita nestes acúmulos de plágios que aceitamos ser e o pior é plagiar quem
fomos ontem. Fui tanto plágio de mim mesma que foi difícil achar minha origem,
minha fonte... Não vou deixar de ser gentil pela carência dos outros. Vou continuar
dando chances para mim mesma. Darei uma e outra e outra e mais outra... Até
quando quiser que dê certo, com alguém realmente de valor e valores. Uma boa
relação, uma relação boa... Quando tomei esta decisão senti respostas imediatas
de agradecimento. A mente parecia acender um luminoso escrito gratidão e o
coração batia em código Morse uma reverência. Eles é que ficavam mais
confusos... Vou mudar o verso de “Lágrimas e chuva”, do Kid Abelha: a vida é
sempre um risco, não tenho medo do perigo, lágrimas e chuva são para chorar e
se molhar, vou me arriscar!
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