quarta-feira, dezembro 06, 2017

agora não (miniconto)





por Rafael Belo

Esqueça esse tal de entender. O que entendemos realmente nesta instável vida? Vai lá e sinta. Pronto. Acabou. Ficar procurando motivos não resolve nada. Mas, não estou dando conselhos nem sendo exemplo. Eu mesma... Eu mesma me sinto um iceberg, apesar de saber estar continuamente utilizando todas minhas ferramentas e aprendizagem para a frieza exalar o ar gélido do olhar. Não importa mais se quero tocar... Eu não toco e pronto. Pior ainda é se me tocarem... Não entendo esta mania das pessoas... Tá! Eu entendo. Querem atenção total, querem que você olhe, querem ter certeza que você está ouvindo... Mas, não me toque, diga.

Esta necessidade patológica de contato físico, de achar que se for tocado significa algo... Esta mania de todos se acharem psicólogos e sábios da vida... É um saco. Digo só isso porque prometi pra minha mãe diminuir os palavrões, mas... Vamos voltar ao assunto. Não poderiam simplesmente me deixar em paz. Não é todo mundo que quer ficar só que está depressivo, que procura o suicídio... É muito difícil saber diferenciar a preocupação com a invasão? Esquece isso. Pergunta idiota...

Creio... Humm... Nunca soubemos exatamente o nome do sentimento quente saído de um toque. Eu sempre associei a desejo, vontade, querer... De novo... Esta mania nossa de procurar padrões e acabar seguindo um padrão de escolha podre, bem bosta mesmo... Aí não sei se a gente surta, chora ou... Quero dizer eu, né. Não sei vocês. Eu surto e choro de temporada em temporada e quando chega o fim, eu não sei o que fazer aí vou segurando até mesmo quando vejo ser impossível... Sou teimosa. Tenho medo de ficar sozinha e olha aqui... Estou só.


Só não entendo... Droga. Olha a contradição de novo. Eu devo ter medo também de escolher diferente, então escolho sempre parecido achando que eu sou errada – Só faltava – ou que eu posso mudar a pessoa escolhida. Meu Deus! Quanta burrice. Tem alguém por aí eu sei, não sou tão louca ou sou tão louca a ponto de insistir nesta ideia. Mas, agora não. Agora eu quero tentar me entender um pouquinho. Ok! Tentar escutar o que sinto. Melhor né? Entender é supervalorizado demais... Vou parar de emendar as coisas, sem respirar, sem pensar... Nem sempre o impulso nos leva para frente ou para cima. Às vezes é só uma estática, um ruído, um congelamento no ar para que pelo menos nesta oportunidade (gostaria de pensar assim...) de cair quebrando a cara, algo aconteça... Então, deixa eu encontrar meu espaço sem precisar tocar em ninguém e, por favor, não me toque. Pelo menos agora não.

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