por
Rafael Belo
Lá vou eu de novo me sentar culpada
distante ou com este sentimento de rejeição, esta necessidade de aprovação... É
uma sensação de caverna. Não, não sou uma ogra, uma mulher das cavernas no
sentido literal, mas me sinto vulnerável ao me revelar, ao dizer quaisquer
coisas sobre mim, ao ter muito conhecimento. Prefiro me esconder o máximo
possível e parecer mais forte ainda por fora, com este sorriso, estas
histórias, minhas memórias... Esta trajetória dos silêncios sobre as coisas
realmente importantes, as falantes sobre mim...
Qual o motivo de eu me apegar em me
esconder? Pareço um jardim de jasmins na primavera ou dramáticos e pequeninos
amores-sem-fim deixando a chuva virar uma cortina blackout toda ao meu redor. É
bem pior aceitar as coisas como são sem tentar mudar e, ao invés de aproveitar
a chuva, deixá-la me encharcar e carregar como uma indigente. Vou nesta próxima
enxurrada nem sei para onde. Será que gosto da chuva pelos motivos errados ou
não há errado motivo?
Às vezes me sinto apenas um adjetivo
deste corpo de poucas curvas, celulites, estrias e envelhecendo. Não importa
qual idade tenho fico pensando se vale à pena me envolver, me revelar, sair
desta ostra onde estou tão confortável... Deveria arriscar quantas vezes mais? Não
deveria me sentir culpada e me afastar, mas se me sinto assim não vou me
enganar... Quantas vezes eu estive errada e, orgulhosa, continuei me dizendo
certa? É tão mais fácil dizer “estou bem” e pronto... Não é?
Só quero ver quem nunca se automedicou,
quem nunca se calou, quem nunca escondeu algo nesta vida...? Ninguém entende o
que acontece na vida de ninguém não, pelo menos não da mesma forma porque
ninguém sente igual até se for muito semelhante... Cada um é único e exclusivo,
mas precisa perceber isso, né? Quando eu vou perceber, heim?! Prefiro dizer
nunca nem vi e seguir. Vou dormir se minha ansiedade deixar e se eu não
acordar? Será que alguém sabe se tem luz nesta caverna? Ou vela? Ou fogo? Devo preocupar
os outros?
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