segunda-feira, dezembro 04, 2017

Por que é tão difícil?





Por Rafael Belo

A pele deu aquele arrepio em um dia sem vento, nem sequer frio. Mas, há aquela necessidade de contato físico... Não sei em qual cidade você está, mas aqui em Campo Grande/MS o tempo é sorrateiro e muda de repente de um sol escaldante para uma chuva corrente, uma tempestade torrencial. Enfim, falava da pele tendo vontade de tocar pele quase como uma necessidade, a referência climática e realmente para falar de clima. Climão ou aquele clima instantâneo. Uma vontade absurda de roçar a textura e o oposto disto, nem querer ver a pessoa.

Tudo isso, mexe com nosso organismo. É sintomático, psicossomático, vivo, dinâmico, demorado e momentâneo. Causa vermelhidão, palidez, sensatez e, ah aquela insensatez. Quantas vezes não conhecemos alguém e de imediato vemos nossos atos se manifestarem sem razão e, pronto, estamos tocando a outra pessoa? O corpo tem mais razão frente à própria razão. Ele tem mais sentido por sentir mais e responder de imediato sem precisar pensar porque já sabe. E a pele? Ela é o nosso maior órgão... Então, imagine comigo o nascimento de um arrepio.

Ele nasce na sola dos pés em um formigamento e vai subindo. Nem sempre passa pelos genitais, mas passa pelo frio na barriga, mexe com a lombar, passa por costas e ombro, traz um suspiro quando chega à nuca, então, parece irradiar no couro cabelo e acender o cérebro. Normalmente, vem com uma sensação boa. Aquelas boas vibrações que nos faz sorrir e, às vezes, parece densa, profunda e misteriosamente uma paixão. Segue aquele toque capaz de acelerar o coração, fazer a gente esquecer de respirar... Ao contrário, o arrepio também pode ser um aviso aracnídeo de perigo, um alerta.


Mas, prefiro focar neste tocar tão intenso e elétrico causando as estações dentro de nós com aquela sensação de conexão, de elo... Aí chovemos como naquela infância onde corríamos na chuva e pulávamos nas poças, ao mesmo tempo recebemos aqueles raios solares matinais no despertar naturalmente, vemos as folhas caírem vagarosamente, o frio congelar a emoção em um eterno batimento bom disposto a aquecer no encostar e em um tom subir primavera com todos os melhores aromas nos perfumando trazendo a essência para o físico... Este é o toque. Esta é a memória mais agradável da pele, do corpo, da química da alma saindo do olhar. Então, me diga o motivo de ser tão difícil se deixar tocar e se tocar?

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo!