quinta-feira, março 08, 2018

apenas memória







prendo o ar
                    quebraram-se os espelhos em uma poça digital
                    estilhaços voaram sobre eles mesmos eram meus eus
                    sendo tão eles em cada ângulo possível de registrar
                    agora a aparência se foi com o medo me trazendo selvagem

as lágrimas formam novos reflexos líquidos
desfazendo meu eu físico livre de antigos vícios vendidos
iludidos pelos sentimentos manufaturados em superfícies de nadas

em manadas de selfies minhas digitais meus traços também desfaço
amasso nos braços o hoje sem o deixar escapar desligo o celular

saio do online me desmarco de todo lugar deixo apenas a memória registrar
                volta a respirar.
+ às 21h58, Rafael Belo, quarta-feira, 07 de março de 2018+

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