sexta-feira, março 23, 2018

Invasão domiciliar (miniconto)






Por Rafael Belo
Tenho certeza não ser amor e isso não vai mudar. Eu olho para tantos homens com acessórios a mais faltando ou  e no fim realmente são todos iguais. Só não querem dormir sozinhos, ou melhor, sequer dormir querem... Fazem de tudo para conseguir isso. Podemos não ser tão diferentes e ter um coração mais exposto – grande parte de nós pelo menos – mas a fraqueza deles é negar chorar, chorar escondido... Este machismo que nos afeta mortalmente, ainda pior quando demorarmos para admitir sermos machistas também e como somos.

Eu não olho para ninguém com expectativas, bom, eu não idealizo mais as pessoas... Sei só eu ser responsável pela minha felicidade. E esta busca constante me trouxe até aqui. Livre quase como um pássaro selvagem. Muda aí o fato de eu não ficar arredia com a presença de ninguém, nem me intimidar. Ah, não. Não faço mais silêncio, nem reverencio ninguém. Não vou ser guardada na estante para observar e agradar. Quero flores, chocolate, mas muito mais respeito e uma cerveja bem gelada, faz favor. Mas, ninguém nem nada me compra com qualquer um destes itens e comportamentos. Nem diria procedimento legal, mas sim, procedimento normal.

Meu ideal não é encontrar um boy e reproduzir. É me divertir, evoluir... Melhor ainda: desidealizar. Aí eu quero matéria... Matéria física, presença, cheiro, toque, gosto, olho no olho, pele na pele... Não é um ideal isso é um materialismo conceitual, é um desejo, algo como ser embalado por uma animada música emotiva a me fazer sorrir e se eu fosse acusada de algum crime seria invasão domiciliar. Ah, porque eu iria invadir cada segundo da minha vida e daqueles próximos do meu limite domiciliar... Até não ter mais limites. Eu trabalho diariamente para tirar férias deste amontoado de ideais pesando as pessoas.

Não fujo mais de nada. Se tenho dúvidas, esclareço. Hesitar? Até esqueço da existência. Minha aparência vive brilhando ultimamente bem diferente de antes quando eu idealizava... Era tanta dor escondida que quando eu queria resolver já não era mais possível e a fila andava a uma velocidade moderada porque eu insistia em buscar aquele meu ideal de pessoa que jamais existiu. Agora, eu não postei isso para aparecer, viralizar... Não! Nem dê o seu like, nem post seu comentário e, por favor, não compartilhe. Inspire-se, inspire e, então respire... Para postar como você está se livrando dos ideais. Publique algo útil desta vez. Tenho certeza que o que precisa virá até você se você se mexer. Agora se mexa! Vá!

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