quarta-feira, março 28, 2018

poucos dias




por Rafael Belo

Presa na chuva. Maravilha. Tanto lugar pra chover na cidade e justo na minha região acontece o dilúvio. Todo um feriado irritado para aproveitar e eu devo é ficar dormindo sonhando com ovos de Páscoa não ganhos. Queria estar indiferente e cheia de ódio para descontar em algo ou alguém, mas não! Estou miseravelmente em autopiedade. Nem bobagens consigo falar para me distrair e os rolês estão tão irritantes… Nem saio no meio, às vezes, já chego indo embora. Aí tem horas que o ódio vem indiferente e eu finjo não ser de mim mesma…

Queria uma sobremesa gratuita da vida. Destas para saborear sem parar e não engordar. Existe isso? Será que um coração tão partido pode se juntar de novo ou ele se espalha de tal maneira a ponto de cada parte partida virar um coração novo? Se for este último eu posso distribuir sem me machucar de novo. Também nem sei nada sobre este assunto. Amor… Será possível alguém saber? No fim tudo parece vingança, ranço, ódio, indiferença e se terminou assim… Tenho certeza não ter sido amor. Talvez uma fagulha capaz de se alimentada ter toda a potência de se transformar nesta criatura rara chamada religiosamente de verbo vivo, mas tão banal nas bocas por aí…

Eu vivo de colecionar talvez, de não é o momento, de fins de semana, feriados e festas do fim do ano… Pelo visto vivo pouco porque são os que menos acontecem… Se eu contar dará ao menos um mês? Todo este ódio e indiferença que quero ter, já tive… Não quero nostalgia, voltar no tempo… Ou quero? A questão desta enrolação toda é o desânimo. Está me ouvindo? Estes montes de montanhas de promessas falsas não me movem mais e eu não movo mais estas montanhas… Sou uma menina imatura em um corpo de mulher desde a adolescência… Não poderiam os hormônios esperar eu crescer mentalmente, sentimentalmente também? Ou terei que ser uma eterna criança como os homens?

Não entendo como consegui deixar o ódio e a indiferença se transformarem em desânimo. Realmente agora nada me move. Nem me comove… Acredita que eu nem rio de memes mais? Ei! Volta aqui! É sério, viado! Vai mesmo? Traz um chocolate na volta, vai… Não queira ressuscitar meu ódio, reviver minha indiferença… Sabe, estas conquistas infinitas são de um despropósito… Não, não nos conhecemos e com certeza não te aceitei nas redes digitais. Oi? Conversando? Eu só estou falando com você porque poderia estar te matando com esta chuva sem fim me frustrando para variar, este alagamento virando um rio me isolando para não sair do lugar-comum e a total ausência de um conhecido para justificar minha agressão mortal. Exagerei de novo?

Nenhum comentário: