por Rafael
Belo
Eu não neguei o toque. Não iria resistir
mais. Ele me tocou e eu toquei tantas músicas com meu corpo... Um instrumento
universal soando, ressoando, cantando pela bateria da pele também percussão,
pelas cordas vocais também viola, violoncelo, violino, violão... Pelo piano
dedilhado, ah, intenso e delicado. Mais os instrumentos de sopro saindo de
brisa para furacão e aí pela contramão... Então, um coro de anjos, o canto
divino da falange também se intercalava com uma infernal legião...
Tudo de um contato físico, da pele tocada
de todas as formas imaginadas... Da
entrega. Eu estava delivery, self service das sensações proporcionadas pela
quebra de barreiras, de fronteiras, de obstáculos, de cálculos lunáticos e
defesas pessoais...Tocar com o olhar já não bastava há tanto tempo que quase me
perdi na minha própria orquestra em um esquecimento espiritual, sentimental
para um domínio carnal totalmente sensorial. Cada poro meu é uma canção.
Quando vem o arrebatamento eu sinto cada
músculo do meu corpo e o que esqueço agora é alguma vez ter me negado... Ter
negado o toque e o tocar... Espero o som do silêncio e tocada continuo. Chego à
liberação de sentimento e aos desbloqueios mentais. Só então, o espiritual
extravasa. Avassala qualquer resquício de escravidão acorrentado em mim como
uma sombra infinita. Meu silêncio grita e se torna parte da canção. A pausa
entre as respirações, entre as notas, a gente se nota e anota mentalmente o
calor inicial do contato físico, do toque...
Sinto-me germinal e mais solar que o sol...
Sou Gama e todo o sentido emana sobrando sentidos em um explosão corporal de
estímulos e ao invés da pele ser a prisão imposta social, é meu portal para ser
extensão e parte do todo e toda em parte conectada da distância inexistente da
ponta dos dedos até o seu olhar. Resistência agora só contra o negativo. Negação
desde já apenas para o que não acrescenta, ao que não quer tocar, sentir e
àquele que só quer contato para chamar de contatinho. Mas, só me toque seu eu
deixar e aí é até quando eu quiser parar.
Um comentário:
Mas. Só me toque de eu deixar....
Postar um comentário