sexta-feira, julho 18, 2014

invasão (miniconto) – por Rafael Belo








Por mais que o procurassem era preciso se perder nos olhos dele para seguir os rastros das formigas e se esgueirar pela rachadura na sua parede externa. Fariseu Fenda vivia em vários lugares ao mesmo tempo e se sentia cotidiano demais. Preso como se seu diariamente precisasse descer e subir todos os degraus do mundo, seu mundo, aliás mundo bem dele.

Sua mente era sua janela e ele amava estar ali. Não só debruçado, mas mudando de posição. Fenda sentava e balançava os pés, porém quando pulava se descobria cada vez mais. Como se houvesse vários Fariseus caindo em uma Fenda. Pareciam seus neurônios aquelas formigas conversando na parede criando o odor da informação e textos para expressão.

Ele sabia do medo das pessoas de dizerem algo e serem julgados pelo dito, escreverem algo e serem julgados pelo escrito. Fariseu Fenda havia aberto um buraco e enterrado seu medo disto. Ele olhava nos olhos das pessoas e deixava que elas se perdessem em seus olhar, pois assim ele as encontraria. Decidiu trazer suas janela para fora.


Quando percebeu que não morreria, tentou ir o mais distante possível e hoje ninguém o alcança mais. Pulou sua janela e a trouxe para fora passando por ela constantemente. Ao mesmo tempo a janela era a mesma e era diferente. Um velho mundo com o novo dele. Fariseu Fenda criava seu espaço e todos percebiam que o espaço dele invadia todos os limites e eles eram invadidos também. E aquela fenda nele era um formigueiro ampliando seus ninhos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Precisamos sempre buscar NOSSO espaço,pois só nele seremos felizes e teremos paz. Belo texto. Mamys