Não havia qualquer
claridade lá fora. Apenas faróis nervosos cruzando as ruas molhadas. De pessoas
existiam sombras passando rápidas tentando não se molhar na garoa gélida e
persistente como o inverno soprando suave, mas denso. Estava frio como sair de
uma sauna direto para graus negativos em plena noite. Gi Genérica estava com
medo e tremia, mas o tremor era frio.
Sua visão estava
turva. As distâncias se confundiam. Longe era perto, perto era longe. Gi se
confundida e claro estava ficando tonta com tanta variação. Encostou a cabeça
no vidro do carro e o embaçou com sua respiração quente. Não sabia exatamente o que enxergava, então
fechava os olhos e balançava a cabeça.
Quando o poste lá
fora se apagou, Gi bateu a cabeça com tanta força a ponto de garantir a
presença de todos os astros do universo e as estrelas já inexistentes, mesmo sendo luz artificial e gotas de chuva. Ela se
deu conta da improbabilidade da situação. Como podia enxergar algo com a luz do
poste apagada? Seu medo aumentou, mas não pensou na luz própria de globos
celestes.
Todos os postes da
rua começaram a oscilar e junto com os cruzados faróis entrecortados dos carros
velozes, mais sombras corriam. Gi acordou assustada com um vulto tentando abrir
a porta do carro. Ela escondia um segredo que seria bobo, mas escondê-lo era o
problema. Então simplesmente gritou e saiu ensandecida pelas ruas deixando a
vozinha trancada para fora do próprio carro.
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