Torcemos. Gostamos. Esperamos
aliviar nossas tensões e nos divertir. Mas dias e dias exaustivamente um mutirão
de notícias apenas sobre violência e agressão no futebol nos invade. Todos os ângulos
de uma mordida e depois todas as dores, choros e solidariedade diante de outro
atacante, mas ao invés de atacar como o mordedor uruguaio, atacado. Lesionado na
lombar. A fratura doeu em todos, mas é cansativa nossa cobertura insistente. Tudo
passa, mas às vezes demora a passar. Palavras do próprio pescoço de Neymar.
Nunca antes na
história deste país se soube tanto sobre estrelas do futebol, mordeduras e,
claro, sobra a 3ª vértebra da lombar. Também quanta vezes a mordida de Suárez no
italiano Chiellini foi repetida? Não tanto quanto a joelhada do colombiano
Zuñiga no craque Neymar. Aliás, milhares de pessoas começaram a seguir o perfil
do jogador no twitter, entre elas centenas de famosos brasileiros... Enfim, o
ano já vai acabar. Não? Veja bem, acaba a Copa e oficialmente começam as Eleições
2014 que vão até outubro... Então temos um mês e o festivo dezembro. Por isso,
é digna de muitas histórias o caso do morto e seus três funerais.
Chega um momento em
que ninguém identifica ninguém, nem a si mesmo, mas ter um corpo velado três
vezes e depois devolvido ao IML rodando quase 400 km é surreal. Primeiro ele
deixou de ser indigente para ser Antônio, mas antes foi retirado do IML de São
José do Rio Preto onde ficou por três dias. Em Icém, o corpo de Antônio, cerca
de 65 anos e aproximadamente 1,60 m, sem documentos, gerou desconfiança dentro
do caixão fechado. Então, encontraram o verdadeiro Antônio vivo e este foi
registrado no celular em vídeo. O corpo voltou a ser indigente e ao IML e logo
virou Eduardo, 75 anos, cerca de 1,60 m, sem documentos. Estava sendo velado em
Bebedouro quando chegou o resultado do exame provando não ser Eduardo. O corpo
voltou a ser indigente.
Só então, tiraram as
impressões digitais e o indigente se tornou Lourenço. Horas antes estava
prestes a ser enterrado como indigente. A família ficou sabendo pela televisão
e Lourenço passou a ser Lourenço e ter 73 anos, 1,60 m, identificado. Quase enterrado
como ninguém, a família reclamou o corpo, o identificou e as impressões
digitais confirmaram. Foram 14 dias para ser enterrado, o que aconteceu na
última sexta-feira (4), dia do jogo do Brasil. Torcemos para ser sempre alguém
com muitos torcendo por nós.
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