Para quê portas e
vidros nas janelas? Nem teto era preciso. O acesso a paisagem proporcionava
mais conforto e uma alegria inexplicável em Marco Mil. Cada cor chamava um
amigo a sua mente e ele viajava na lembrança. Nunca perdera contato com nenhum,
às vezes acontecia da distância e o tempo se intrometerem, mas bastava se
encontrarem e ambas as relatividades jamais tinham existido.
Era encontrá-los e as
afinidades se afloravam. Nada parecia ter mudado da última conversa e ela
continuava do mesmo ponto. Mas, Marco estava mais ausente no último ano. Pouco revelou
de si para seus amigos e entre muito menos em contato. Todos desconfiaram e
começaram a combinar uma surpresa coletiva.
Olhando pela janela e
sentindo aquela inestimável força do que via e era visto, Marco não percebeu
quando dormiu. Estava tão cansado de todas as escolhas erradas e as consequências
desastrosas que o deixaram sozinho e sem condições de terminar seu único bem. Estava
na casa própria há alguns dias e já precisava tomar banho. Passou cada dia da
última semana em claro. Não seria fácil de acordar. Seus amigos haviam
descoberto tudo e chegaram preparados para erguê-lo.
Quando acordou o
mutirão de amigos tinha terminado a casa e ao redor de Mil estavam todos eles esgotados.
Dormiam todos profundamente. Passaram 24 horas aceleradas. Até pintaram a casa.
Mas, também não eram todas as pessoas que tinham tantos amigos e pelo menos 20
na área da construção. Cada um deles era parte da janela de Marco e ele nunca
deixava de olhar por ela. Agora não parava de olhar para eles e ter uma alegria
ainda mais intensa.
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