segunda-feira, abril 20, 2015

Até a morte


por Rafael Belo

O dito nem sempre é importante, como dizê-lo é essencial. A escolha de palavras e o tom a ser usado muda completamente para quem ouve, mas se tirarmos de contexto uma fala insossa sem pontuações, ela caberá em qualquer conversa ou, então, o silêncio continua sendo de ouro porque nos tornamos tolos e antipáticos ao nos mal interpretarmos.

Sem prática, busca de melhoria e a aceitação de que por mais que saibamos nada sabemos... Não evoluímos. Ficamos tão estáticos a véspera de feriado prolongado na capital paulista. Prestar atenção no outro e em si é primordial para não parecermos arrogantes, pretensiosos e passarmos os sinais errados. Caso não nos observarmos daremos o tom professoral e paternalista incabíveis em toda situação.

Diálogo, no entanto, não é a solução para tudo. Como dar opinião para quem não quer ouvi-la e, pior, deseja apenas um aval desnecessário do outro para confirmar o próprio pensamento? Um rompante de uma ideia original e considerada por si genial querendo simplesmente aceitação... São os monólogos disfarçados por toda parte contaminando a capacidade de raciocinar e transformando democracia em comportamento de manada.

Esta preguiça mental instiga apenas a projeção de si no mundo impedindo a própria rotação enquanto tudo não para de girar. Parece conversa de bêbado, mas talvez seja apenas o desejo de estourar tantas bolhas de antipatia tentando nos englobar por aí tagarelando sobre tolerância sem se ater da pouca diferença de seu suposto antônimo: intolerância.

Um tolera e outro não. Mas, se formos analisar não são realmente opostos porque tolerar esta a uma vírgula de “por obrigação o faço” e “intolerar” não faz nada por obrigação... Não nos cabe tolerar ou apontar o dedo, seríamos mais felizes se respeitássemos e defendêssemos o direito de todos independente de nossa opinião e de concordamos com o assunto. Por isso, chamo o filósofo iluminista francês, Voltaire que há 227 anos nos ensinava: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.

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