por Rafael Belo
Clara cerrava
calmamente as vistas para o dia clareando subitamente. Bastou um minuto de
distração e o trânsito transitava traumaticamente lento porque parado... Bem,
fica. Mas, ainda não era tão tarde para quem madruga e apesar de tão cedo as
buzinas vazavam frenéticas principalmente das motos sem ética e sem faixa,
apenas o bel prazer da liberdade demasiada.
Foi assim que no
canto esquerdo da via, praticamente colado à mureta divisora de mãos, que Clara
foi claramente presenteada por um motoqueiro porque motociclistas estavam em
falta. Apressado e com lotação total, o motoqueiro bateu inusitadamente duas
vezes no retrovisor direito do carro precisando lavar de Clara. Tudo, então que
clareava, escureceu.
Sem ver e sem ter
qualquer motivo, Clara ganhou um prejuízo a poucos metros de uma via expressa. Escureceu
o já clareado dia. Clara não via mais nada e olhava impaciente para todo lado. Enlouquecida
acelerava, freava e acelerava, girava o volante para ambos os lados, trocava a
marcha de primeira para segunda e ponto morto... Inconscientemente ou
preventivamente os motoristas abriam caminho indo aos extremos da própria
faixa.
Clara não sabia o tamanho
do estrago no retrovisor do seu carro, mas estava tão indignada com a atitude
do motoqueiro, que nem motoboy era... Bufava, já estava de outra coloração sua
branca pele e apesar de raiar mais forte a manhã, voltava a ser escuro para
Clara e ela invadiu o espaço aberto para ser touro enfurecido perto da sua vingança,
mas sem esperança de capturar ninguém, apenas raiva de não poder fazer nada. Mas,
os policiais de trânsito a fizeram encostar logo à frente -enquanto ela pensava
onde estavam quando eu precisava - ela foi multada pelo retrovisor quebrado e
também seria pelo atrasado injustificável no trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário