segunda-feira, abril 27, 2015

Em movimento

por Rafael Belo

Hoje o dia não veio como viria. Se tivesse vindo não teria este céu arroxeado com bordas alaranjadas. Mas mais para frente fica cinza e amarelo. Amanhã está aqui, mas a manhã não chegou. Chegaram às horas. Tudo está como devia... Há luz e por isso existe sombra, uma onda a apagar alguns acesos olhos e encobrir o Amor que está lá.

Uma cidade possui muitas camadas de sombras e quando o dia clarear elas vão aparecer. À noite ou quando a luz está em outra parte e apenas seu reflexo está lá livre ou parcialmente bloqueado, não podemos ver. As pessoas são cidades e muitas esquecem serem mais, sóis. Não um sol, mas muitos e é preciso muitas nuvens para disfarçar esta quantidade de sóis em nós.

Quando sozinhos é fácil enxergar só sombras, esquecer quem somos ou poderíamos ser, mas só enxergamos as sombras porque há luz. Se há luz, existe a esperança de sair deste algo a nos encobrir. Nossa alma é maior que nosso corpo por mais que a apequenemos, por mais sombras sermos capazes de espalhar, há sempre mais e muitas vezes menos é mais. Ao percebemos vemos a multidão que somos e seremos ainda mais junto com outras pessoas.


Achamos que o amanhecer vem no mesmo horário, mas o tempo é diferente mesmo quando o amanhã se torna hoje e hoje já se foi. Há densas sombras que pensam ser escuridão, mas haverá o tempo de aos poucos elas clarearem porque como o céu tem sua intensidade na metade do dia, há momentos de ficarmos nas sombras, mas elas são nuvens e passam, enquanto isso o Amor está lá, aí, aqui dentro de nós... Paciente e paciência não é estar parado.

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