por Rafael Belo
Hoje o dia não veio
como viria. Se tivesse vindo não teria este céu arroxeado com bordas
alaranjadas. Mas mais para frente fica cinza e amarelo. Amanhã está aqui, mas a
manhã não chegou. Chegaram às horas. Tudo está como devia... Há luz e por isso
existe sombra, uma onda a apagar alguns acesos olhos e encobrir o Amor que está
lá.
Uma cidade possui
muitas camadas de sombras e quando o dia clarear elas vão aparecer. À noite ou
quando a luz está em outra parte e apenas seu reflexo está lá livre ou
parcialmente bloqueado, não podemos ver. As pessoas são cidades e muitas
esquecem serem mais, sóis. Não um sol, mas muitos e é preciso muitas nuvens
para disfarçar esta quantidade de sóis em nós.
Quando sozinhos é
fácil enxergar só sombras, esquecer quem somos ou poderíamos ser, mas só enxergamos
as sombras porque há luz. Se há luz, existe a esperança de sair deste algo a nos encobrir. Nossa
alma é maior que nosso corpo por mais que a apequenemos, por mais sombras sermos
capazes de espalhar, há sempre mais e muitas vezes menos é mais. Ao percebemos
vemos a multidão que somos e seremos ainda mais junto com outras pessoas.
Achamos que o
amanhecer vem no mesmo horário, mas o tempo é diferente mesmo quando o amanhã
se torna hoje e hoje já se foi. Há densas sombras que pensam ser escuridão, mas
haverá o tempo de aos poucos elas clarearem porque como o céu tem sua
intensidade na metade do dia, há momentos de ficarmos nas sombras, mas elas são
nuvens e passam, enquanto isso o Amor está lá, aí, aqui dentro de nós... Paciente
e paciência não é estar parado.
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